As farmácias começam esta quarta-feira a substituir medicamentos receitados pelos médicos por genéricos mais baratos, mesmo quando os clínicos se oponham à troca, confirmou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF). Esta é uma medida que a Ordem dos Médicos promete denunciar ao Ministério Público.
A medida constava do programa eleitoral de João Cordeiro, que tomou posse esta quarta-feira, em Lisboa, como presidente da ANF e que no discurso garantiu que esta é uma medida para responder à crise.
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«Existem já cerca de 230 mil doentes portugueses que foram forçados, devido à crise económica, a abdicar da terapêutica recomendada», disse João Cordeiro. O responsável lembrou outros doentes que «apenas mantêm os seus tratamentos porque as farmácias lhes concedem crédito.
Em resposta ao «estado de crise que afecta grande parte dos doentes portugueses», a ANF decidiu avançar com a medida, que consiste na possibilidade dos doentes escolherem o medicamento mais barato.
Na prática, o doente chega à farmácia com uma receita passada pelo médico e é esclarecido de todos os outros medicamentos que existem à venda com a mesma substância activa e que custam mais barato.
Se o utente quiser comprar mais barato, pode levar esse medicamento genérico para casa, mesmo que na receita o clínico tenha expressado a sua oposição à substituição do fármaco prescrito. Nestes casos, o utente terá de assinar o receituário.
Para João Cordeiro, «esta iniciativa tem um profundo interesse social e económico», porque «todos os medicamentos disponíveis nas farmácias são garantidos pela Autoridade Nacional do Medicamento» e porque «proporciona poupanças significativas» aos doentes.
Os doentes «vão poder pagar três ou quatro vezes menos do que pagam actualmente pelo mesmo princípio activo», disse.
A Ordem dos Médicos considera que a medida promovida pela ANF é um «crime» e promete denunciá-la ao Ministério Público (MP).
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