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Porto: a noite ainda é segura?

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Em seis meses, seis pessoas foram assassinadas. Empresário foi morto há dois meses e ainda ninguém foi apanhado. Na noite, fala-se em gangues de seguranças, mas o medo impede que se apontem nomes. Especialista diz que autoridades devem tranquilizar população. Apesar da insegurança, portuenses não deixaram de sair

Longas continuam as noites sem dormir para os que no Porto gostam de uma conversa entre dois copos ou um pé de dança, apesar da vaga de homicídios envolvendo pessoas associadas à animação nocturna.

Tânia Macedo, que há oito anos explora um negócio de comes-e-bebes na zona industrial do Porto, uma das zonas de maior concentração de discotecas, assegura que a clientela se mantém aos níveis da que tinha quando, ali perto, foi assassinado o empresário da noite Aurélio Palha.

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«É a mesmíssima coisa, não senti que deixassem de procurar a noite por receio», garante a negociante à agência Lusa. Mudou apenas o tema das conversas, que passou a ser o crime que fez correr rios de tinta. "Mas só por uma semanita", sublinha a comerciante.

Só na Rua Manuel Pinto de Azevedo, uma das principais artérias da zona industrial, há cinco roullotes adaptadas a snack-bar, onde as bifanas, os hambúrgueres e os pregos em pão são os petiscos mais solicitados quando, madrugada fora, o pezinho de dança já cansou e o estômago reclama.

Ali perto, na Avenida Fontes Pereira de Melo, onde se concentram várias discotecas, três jovens, todos alunos do Colégio de Gaia, corroboram a ideia de os incidentes associados à noite «não afastaram ninguém» das discotecas. «Já vinha desde os 14 anos e continuei numa boa», garante Vítor Pinto, 16 anos.

Rui Jacó, da mesma idade, também não se inibe de ir à «night», mas confessa que se preocupa em escolher uma discoteca «com um ambiente selectivo e segurança». E enumera umas quantas que diz possuírem essas características e outras tantas que afirma não terem.

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Sofia Vieira, igualmente com 16 anos, também não se queixa se não dos alegados excessos de zelo da mãe. «Farta-se de avisar para eu ter cuidado», reclama a jovem. E, diz ela, «não era necessário».

Alexandra Amorim, directora comercial da revista especializada Noite.pt., concorda: «O que se passou não afectou a noite». Na última edição da revista para que trabalha, uma peça intitulada «Porto Seguro» dá voz a actores da noite que engrossam a tese.

Rafael Cruz, porteiro numa das discotecas da cidade, garante à revista que o homicídio de Aurélio Palha foi um «caso isolado» e Rui Oliveira, gerente de um clube nocturno, afiança que não tem sentido a «carga negativa que se instalou» depois do crime.

Já Sabrina Coutinho, que se estreou como porteira de uma discoteca na semana em que Aurélio Palha foi assassinado, afirma que «há males que vêm por bem», perguntando: «Quem é que não reparou nas novas medidas de segurança que a noite portuense tem?».

A Lusa constatou que há mais polícias nas zonas de diversão nocturna e o próprio presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, António Fonseca, também. O dirigente associativo mostrou-se crítico face à investigação policial sobre o caso Palha, mas reconheceu que o policiamento de visibilidade que a PSP intensificou após a morte se mantém em níveis aceitáveis.

Ainda assim, há quem se mantenha no «lado errado da noite», garantem 20 famílias do Largo do Ouro, junto à marginal do Douro, que na última semana escreveram ao Governo Civil e às autarquias, queixando-se da violência associada ao funcionamento de bares e discotecas da zona.

O texto do abaixo-assinado sublinhava que os quatro estabelecimentos são «fonte de distúrbios cada vez mais graves», nomeadamente entre quinta-feira e domingo, durante toda a noite e madrugada. «Tudo está na mesma e estamos fartos de ver cenas de pancadaria e até mortes à porta de casa», diz uma moradora.

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