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Direcção dos Serviços de Sangue e Transplantação demite-se

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Decisão em protesto contra as intenções do ministro da Saúde em cortar verbas do organismo

O presidente e a coordenadora nacional da Autoridade dos Serviços do Sangue e da Transplantação pediram esta sexta-feira a demissão em protesto contra as intenções do ministro da Saúde de cortar as verbas daquele organismo, noticia a Lusa.

«Recuso-me a permanecer aqui porque o meu lugar está esvaziado de funções. Não posso aceitar que haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer porque o país está em dificuldades económicas», disse à Lusa a Coordenadora Nacional das Unidades de Colheita de Órgãos, Tecidos e Células para Transplantação, Maria João Aguiar.

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A demissão da coordenadora nacional surge na sequência das declarações «absolutamente desastrosas» do ministro da Saúde, Paulo Macedo, em entrevista à TVI na quinta-feira à noite.

Questionado sobre se os transplantes estariam em risco, o ministro Paulo Macedo admitiu que «pode não haver o mesmo número de transplantes», explicando que é preciso perceber se o país «pode sustentar o actual número de transplantes».

«O que pretendemos é manter um número de transplantes tão interessante e de qualidade como tem vindo a ser feito, mas claramente dando menos incentivos aos hospitais, porque também não é necessário. Estes incentivos visam um incremento e o que nós achamos é que não é necessário haver aqui um incremento», acrescentou o ministro.

Perante as declarações do ministro, Maria João Aguiar e o director Geral da ASST, João Rodrigues Pena, apresentaram hoje a sua carta de demissão ao ministério como «forma de protesto~», informação que o ministério já confirmou à Lusa.

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«Enquanto médica e enquanto técnica para mim isto é absolutamente inaceitável», disse Maria João Aguiar, acrescentando que «é muito difícil para os médicos aceitar que haja doentes que se podem salvar e vão morrer porque o país está em dificuldades económicas. Digam então às famílias dos doentes que temos de fazer cortes económicos para salvar o Serviço Nacional de Saúde e terão que morrer doentes».

«Como é que um doente que está à espera de um transplante para sobreviver recebe estas notícias? A colheita não sobe nem desce por milagre, tem de ser apoiada», sublinhou a responsável.

Em Agosto, o Governo decidiu cortar para metade os incentivos para a realização de transplantes, com efeitos retroactivos desde o início do ano.

A responsável recorda que o anúncio de cortes aos incentivos previstos para a ASST tinham sido recebidos pelos responsáveis como «inevitáveis» face à actual situação do país: «Eu, com alguma ingenuidade, pensei que poderia tentar fazer o mesmo trabalho com metade [do orçamento] e que se iria tentar que os números da actividade não baixassem. Mas as declarações do senhor ministro [de quinta-feira] foram muito claras».

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Maria João Aguiar considera que as suas funções deixam de fazer sentido quando o ministério admite que o país está sem capacidade económica para manter o actual nível de colheitas e transplantes.

A responsável garante que as transplantações renais significam uma «poupança de milhões de euros» ao Estado: «A transplantação é a maneira mais económica para os doentes que vão continuar a gastar dinheiro ao Estado porque continuam em diálise se não são transplantados».

Contou ainda à Lusa que perante a sua decisão decidiu enviar uma mensagem aos colegas que trabalham na área, apelando para que «continuem a ter em mente os doentes que estão em lista de espera, porque eles existem e sofrem todos os dias».

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