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Ex-presidente da Refer nega pressões

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Admitiu recebia «pequenas lembranças de muitas empresas», mas garantiu não ter recebido «nenhuma das peças que surgiram na imprensa»

O ex-presidente da Refer Braamcamp Sobral negou ter sofrido alguma pressão da tutela para favorecer as empresas do sucateiro Manuel Godinho, principal arguido no processo «Face Oculta».

«Nunca sofri qualquer pressão», assegurou aos jornalistas o ex-presidente da Refer, que foi exonerado em 2005 pelo Governo liderado por José Sócrates, juntamente com outros três elementos da sua administração, por «manifesta inobservância da lei e violação grave e reiterada dos deveres dos gestores públicos».

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O antigo administrador da empresa pública gestora da infra-estrutura ferroviária nacional falava após a sessão da manhã do julgamento «Face Oculta» que está a decorrer no tribunal de Aveiro, onde prestou declarações enquanto testemunha de acusação.

Braamcamp Sobral, que esteve à frente da Refer entre 2002 e 2005, disse ainda não ter tido conhecimento de que Manuel Godinho tivesse alguma influência sobre o conselho de administração da empresa, tal como já foi referido por várias testemunhas, em audiência de julgamento.

Sobre os alegados incidentes entre a Refer e as empresas do sucateiro Manuel Godinho, nomeadamente a SEF e O2, a testemunha disse que se recordava de um problema relacionado com o roubo de material nas linhas do Tua e Tâmega, que estavam a ser desativadas.

Questionado pelo procurador do Ministério Público sobre a existência de autorização do conselho de administração da Refer para o levantamento do carril nestas linhas, Braamcamp Sobral afirmou que não.

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A testemunha adiantou ainda que pediu ao diretor geral da empresa para averiguar essa situação, mas assegurou que «internamente não se apurou nada», tendo sido decidido fazer queixa às autoridades.

O ex-presidente da Refer chegou a convocar o então coordenador do Eixo Douro Minho Silva Correia, coarguido no processo, para esclarecer este assunto, quando soube que ele estava em Lisboa, mas o coordenador não compareceu.

«Fiquei aborrecido e disse ao diretor geral que era uma falta de respeito», afirmou, acrescentando que, posteriormente, o engenheiro Silva Correia foi exonerado.

Quanto às prendas de Natal oferecidas por Manuel Godinho, Braamcamp Sobral admitiu que costumava receber «pequenas lembranças de muitas empresas», mas garantiu não ter recebido «nenhuma daquelas peças que surgiram na imprensa».

Segundo a lista de prendas de Manuel Godinho, apreendida pela Polícia Judiciária, o ex-presidente da Refer teria recebido uma caneta Dupont (2006), uma fruteira em prata (2004), um relógio Rolex (2003) e um centro de mesa Grand Lagoon (2002).

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«Nunca tive um relógio Rolex na minha vida. Quanto à caneta Dupont, recebi algumas canetas e não posso dizer que não tenha recebido essa. Estranho, porque foi em 2006 e já não tinha qualquer cargo na empresa", afirmou.

Ainda na parte da manhã, o coletivo de juízes ouviu também José Marques Guedes, que foi vogal da administração da Refer presidida por Braamcamp Sobral com responsabilidades na área financeira.

A testemunha disse que se reuniu uma vez com Manuel Godinho para discutir o acordo para o pagamento de dívidas à Refer, no valor de 2,1 milhões de euros, que não estava a ser cumprido.

Marques Guedes afirmou que a ultrapassagem dos valores dos contratos na empresa era usual. «Infelizmente, aconteciam com muita frequência», declarou.

A testemunha contou ainda que não aceitou o presente que Manuel Godinho lhe terá mandado em 2004. «Era qualquer coisa da Vista Alegre», precisou.

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