Segundo António Carrapatoso o projecto de decisão da Autoridade de Concorrência (AdC) sobre a OPA da Sonaecom à Portugal Telecom tem «remédios amargos para o consumidor final e para a Vodafone, mas não são amargos para a Sonaecom» considerando que «não faz sentido esta autorização de fusão no móvel», disse à saída de uma reunião com a direcção da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM).
Ainda no que diz respeito à decisão da AdC, o presidente da Vodafone diz que «o regulador viu este processo como uma oportunidade de estabelecer maior concorrência no fixo. Só que a nosso ver não mediu suficientemente bem o impacto negativo que tem no negócio móvel e não viu também as alternativas que tinha para estabelecer a concorrência do fixo de outra forma que não fosse a fusão TMN/Optimus».
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Acrescentou ainda que, «se é bom para o mercado que existam três operadores móveis, e se o mercado funciona bem, então deveria continuar como está». E que criar condições para criar um novo operador que vai ser «alimentado a oxigénio», não faz sentido.
Fusão cria empresa dominante no fixo e no móvel
Segundo o responsável, a concentração criaria uma empresa com posição dominante no mercado de telecomunicações. O presidente defendeu que a nova empresa teria posição dominante não só na área do móvel, com uma quota de 61%, como nas telecomunicações fixas, com mais de 60% do mercado.
Para Carrapatoso, a entrada de um terceiro novo operador móvel para concorrer com os dois que ficam num mercado em que há um operador com 61% de quota e a Vodafone com 39% introduz uma pressão sobre a Vodafone.
«Se a operação se levar a termos vai passar-se de uma empresa com 17% de quota de mercado para 61% de quota de mercado nos móveis. A Vodafone continua como está, ao mesmo tempo está-se a dizer que pode entrar um novo operador e dar condições preferenciais a esse novo operador que não são dadas à Vodafone».
Perante este cenário, António Carrapatoso manifestou dúvidas se um novo terceiro operador que entre no novo contexto de mercado «vai ou não sobreviver».
Se a operação de concentração no móvel for levada a cabo, a Vodafone diz «perante o aparecimento de um terceiro operador que vai ser super dominante, ou super forte resultante da fusão, e aí o que se vai exigir é mais da Vodafone para que sejamos melhores no mercado móvel, e para nos expandirmos para a área fixa».
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