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Acelerador de partículas: não «engole» a Terra e pode explicá-la

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Física do Compact Muon Solenoid, Teresa Rodrigo, explica ao tvi24.pt experiência que pode desvendar «características inexploradas do universo»

«Foi um dia muito importante!». É desta forma simples que a física espanhola, Teresa Rodrigo, supervisora no Compact Muon Solenoid (CMS), descreve o dia da nova experiênciacom o acelerador de partículas. O Large Hadron Collider (LHC), como se chama a experiência, pode ajudar a explicar o momento em que surgiu o Universo.

«O LHC é uma das experiências científicas mais desafiadoras de sempre e hoje ultrapassámos um novo regime em que foram exploradas novas características do nosso universo e de como ele apareceu», contou Teresa Rodrigo, ao tvi24.pt.

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E se o objectivo é mesmo criar «um tipo de energia nunca acessível até agora, para reproduzir, de forma controlada e em laboratório, as condições do primeiro momento após o início do Universo», a cientista considera «exagerado» que se chame «partícula de Deus» à energia resultante desta experiência. Mas Teresa Rodrigo concorda que, sendo recriada a partícula, será um «elemento fundamental para a nossa compreensão». «É o mecanismo que dá massa e força às partículas e, como tal, a razão última de eu e você existirmos e de tudo o que há poder aparecer aos nossos olhos», explicou.

«É a maneira de podermos compreender não só a origem, mas também a evolução do nosso Universo. A forma como a natureza funciona», acrescenta Teresa Rodrigo.

A física acalma as vozes críticas e temerosas, que alegam que a experiência pode criar buracos negros tão grandes, capazes até de engolir a Terra. «Isso não é possível. Há muitos trabalhos científicos que explicam isso. A natureza, a cada segundo, sozinha, reproduz milhões de experiências muito mais poderosas que esta que estamos a levar a cabo aqui no LHC. E nada aconteceu. Você e eu ainda estamos aqui!», sublinha.

Teresa Rodrigo não esconde o orgulho e não vê com maus olhos que a experiência seja retratada na ficção, tal como o foi já nos livros de Dan Brown: «O importante é que muita gente está interessada em ciência básica e siga com interesse a evolução do LHC. É também uma forma de publicidade, mas, na minha opinião, é um efeito secundário. O importante é pensarmos que a ciência é partilhada por todos e não está apenas acessível a peritos».

O entusiasmo na equipa que levou a cabo a experiência, esta quarta-feira é enorme. «Todos estão conscientes do enorme passo que demos», revela Teresa Rodrigo, numa entrevista por e-mail, ao tvi24.pt. De «olhos postos no futuro», está uma equipa «verdadeiramente internacional». Entre os cientistas que participam no LHC, está ainda o físico português João Antunes.

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