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Não dorme bem desde aquele dia

Um dos jovens recorda de forma dolorosa a morte do transsexual do Porto. Mas maioria não distingue bem do mal e nem todos se arrependem. São produto de uma vida sem afecto. Defesas apostam na nulidade do processo e negam intenção de matar

A par da crueldade e insensibilidade descritas pelo procurador, o requerimento do Ministério Público traça ainda o perfil destes jovens. As carências afectivas e os dramas familiares associados ao álcool, droga e violência predominam.

A «falta de educação para os afectos» deixou lacunas ao nível sócio-moral. Ente os menores impera a lei do mais forte. Fogem dos relacionamentos afectivos porque não se sentem confortáveis.

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Além disso, revelam dificuldades em distinguir o «bem» do «mal» e em colocar-se no lugar da vítima. O percurso de vida no seio familiar foi marcado pela ausência de regras e pela grande permissividade e desculpabilização por parte dos progenitores. Alguns nem sequer têm pais.

Muitos revelam tendências depressivas e grande insucesso escolar. A sucessão de abandonos criou mecanismos de defesa para evitar sofrimentos. O caso mais paradigmático é o do jovem que garante não ter recordações até aos sete anos de vida.

Uns arrependem-se, outros não

Os menores reagem de maneira diferente perante os factos que lhes são imputados. Uns demonstram insensibilidade e ausência de culpa, outros apresentam capacidade de censura, evidenciando algum constrangimento quando abordam o tema. Um deles garante não conseguir dormir bem desde essa altura e não esquece a imagem da vítima em sofrimento.

A maioria residia nas «Oficinas de São José», uma instituição que não conseguiu colmatar as falhas comportamentais e afectivas destes jovens.

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Defesas alegam que os menores também são vítimas

O julgamento começa com a audição dos menores, sendo que alguns deles deverão remeter-se ao silêncio. A defesa aposta na nulidade do processo, alegando que os jovens foram ouvidos na PJ sem a presença de um advogado e sem que lhes tivesse sido dito que não eram meras testemunhas.

Além disso, querem provar que os ferimentos causados pelas pedras e paus nunca seriam mortais e que os menores não agiram com intenção de matar.

Alegam ainda que estes jovens são vítimas da sociedade que nunca os amparou. Além de uma psicóloga, as defesas requereram o depoimento de alguns familiares e de professores das instituições.

Jovens em «hotéis de cinco estrelas»

A maioria esmagadora dos menores deixou as instituições e aguarda julgamento internada em centros educativos, que revelam condições mais adequadas a receber jovens problemáticos. «Agora estão em hotéis de cinco estrelas», assegura ao PortugalDiário uma fonte ligada ao processo.

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