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O custo de uma educação «muito» superior

REPORTAGEM: Propinas, alojamento, alimentação e material de apoio são encargos obrigatórios para estudantes deslocados. A conta não pára, e é sempre de somar

Todos os anos, milhares de alunos tentam a sua sorte no ensino superior. Sabidos os resultados dos exames e calculadas as médias, é tempo de apresentar a candidatura ao curso com que sempre sonharam (ou àquele que as médias permitirem).

Mas entrar no ensino superior implica muito mais do que a escolha do curso. A nível financeiro, as despesas são muitas e, na maioria dos casos, os estudantes não auferem quaisquer rendimentos, ficando os pais encarregues de suportar as despesas. Apesar de a Constituição Portuguesa garantir «ensino gratuito para todos»...

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O primeiro encargo a considerar é o pagamento das propinas, que, segundo a nova lei de financiamento do ensino superior, varia entre 475 e 880 euros.

No caso dos alunos que frequentam universidades fora da sua área de residência, tratada a questão da propina é altura de pensar no alojamento. Há então duas opções: as residências universitárias e o alojamento privado.

Na maioria das universidades, as residências apenas albergam alunos abrangidos pelas bolsas de estudo dos serviços de acção social, mas nem mesmo todos os bolseiros conseguem alojamento em residência.

Não havendo camas suficientes nas residências, há a necessidade de recorrer a outro tipo de alojamento o que, muitas vezes, «deixa os estudantes nas mãos da especulação imobiliária», disse ao PortugalDiário Nuno Reis, da Federação Académica do Porto (FAP).

«Os estudantes acabam por pagar pequenas fortunas por quartos, muitas vezes, sem condições», adianta o presidente da FAP.

Com o final do ano lectivo, os anúncios multiplicam-se e (quase) pode dizer-se que há alojamento para todos os gostos, ou, neste caso, todos os bolsos.

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O PortugalDiário seguiu os passos dos estudantes e foi sondar o mercado de oferta de imóveis para estudantes na cidade do Porto.

O método mais escolhido é a partilha de apartamento com outros estudantes. Neste caso, o jovem aspirante a doutor tem à disposição rendas a partir dos 100 euros, caso se trate de quarto partilhado, ou de cerca de 130 euros, para um quarto individual. Mas, os menos exigentes, que não se importem de abdicar de janelas, conseguem alugar um espaço por 75 euros, um verdadeiro achado, se considerarmos que um quarto individual pode custar até 250.

No que diz respeito à alimentação, os estudantes têm à disposição as cantinas e bares universitários, que permitem fazer uma refeição por 1,80 euros. Contudo, a maioria das cantinas não serve jantares e, uma vez mais, surge o problema de o número da oferta não corresponder à procura.

A conta de um estudante do ensino superior não pára, e é sempre de somar. Todas estas parcelas pesam muito no orçamento, e ainda nem sequer foram contabilizadas as despesas relacionadas com o curso que frequentam.

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Cursos com maior componente teórica requerem, geralmente, material como livros (e muitos deles, caros, como em Medicina ou Direito) ou, contornando os direitos de autor, as inevitáveis fotocópias.

As contas complicam-se quando os cursos têm uma maior componente prática, como engenharia, arquitectura e matérias ligadas às novas tecnologias. São programas de computador, calculadoras e materiais para desenho ou construção de maquetas.

Para fazer face a todas estas despesas, alguns alunos têm direito a uma bolsa de estudo, atribuída consoante os rendimentos do agregado familiar, e que varia entre os 47 e os 413 euros.

Prosseguir estudos, sobretudo nas grandes cidades, é um luxo. Não pela qualidade do ensino, mas pelo custo que os pais vão pagando ao longo de muitos anos.

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