Crimes de Santa Comba Dão em livro - TVI

Crimes de Santa Comba Dão em livro

  • Portugal Diário
  • 21 jul 2007, 22:32
O ex-cabo da GNR à chegada ao tribunal - Foto Paulo Novais para Lusa

Escritor recria a história das três jovens alegadamente mortas pelo ex-cabo da GNR

Os homicídios de três jovens de Santa Comba Dão, alegadamente cometidos por um ex-GNR, serviram de inspiração ao romance «A ponte submersa», onde o autor deixa críticas a esta força policial e à igreja, escreve a Lusa.

No livro publicado pela Dom Quixote, hoje apresentado em Santa Comba Dão, Manuel da Silva Ramos recria uma história que chocou o país, sobre os três homicídios ocorridos entre Maio de 2005 e Maio de 2006. Pessoas reais dão origem a personagens ficcionadas: Isabel Cristina é «Anabela», Maria Lourenço é «Suzana», Joana Oliveira é «Júlia» e António Costa o «Cabo Pá», a quem o escritor se refere sempre como «o homem pequeno e seco».

«Um ficcionista, um escritor, pode permitir-se tudo. Havia caso em Santa Comba Dão e eu tratei-o à minha maneira, tenho toda a liberdade de o fazer», afirmou à Agência Lusa Manuel da Silva Ramos, no final da cerimónia de apresentação da sua 14/a obra. A vontade de escrever este romance surgiu no dia em que, ao parar em Santa Comba Dão para almoçar, tomou conhecimento do sucedido. Seguiu-se um período de investigação local, conversas com habitantes e consultas às muitas notícias saídas nos jornais.

O livro foi escrito em seis meses e, segundo explicou Manuel da Silva Ramos, houve uma grande preocupação em «ver a psicologia do criminoso, das vítimas e a reacção de uma cidade».

Com o livro, o escritor quer apontar «um caminho de esperança, dando a palavra aos humanistas e aos defensores da natureza», mas deixa também críticas à GNR e à Igreja.

Manuel da Silva Ramos disse à Lusa que a GNR «é uma instituição arcaica, prepotente e privilegiada, que manda para a reforma gente muito nova», considerando que, «se mandasse para a reforma gente com 65 anos, como a maior parte das pessoas vão, este cabo não seria um conquistador e não andaria a matar jovens».

Também a Igreja merece as suas críticas, uma vez que, na sua opinião, «há muitos crimes que podem ser evitados» se for revelado o que os criminosos dizem em confissão.
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