Cavaco defende banqueiros contra BdP e troika - TVI

Cavaco defende banqueiros contra BdP e troika

Presidente lembra que é preciso ter cuidado para a desalavancagem nao ser demasiado rápida e não prejudicar financiamento da economia

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O Presidente da República voltou a falar da situação da banca portuguesa. À chegada a Washington, onde se deslocou no âmbito da visita de uma semana que está a realizar aos EUA, Cavaco Silva recomendou ao Banco de Portugal cuidado para que não ocorra uma desalavancagem rápida do crédito que prejudique o financiamento da economia.

O Chefe do Estado, que tinha já abordado o tema numa entrevista à Bloomberg, reiterou a necessidade de «aperfeiçoamentos» no acordo com a troika.

Recordando a recomendação que saiu do conselho europeu de 26 de Outubro no sentido dos bancos se recapitalizarem até Julho de 2012 de forma a alcançar um rácio de capital de 9%, Cavaco Silva alertou para a necessidade de também se ter em atenção que essa recomendação deixa um alerta aos bancos centrais de cada país.

Um alerta que, frisou, vai no sentido de que «os bancos centrais de cada um dos países devem ter cuidado para que não ocorra uma desalavancagem rápida do crédito que prejudique o financiamento da economia».

Cavaco lembra Banco de Portugal das decisões da cimeira europeia

«Eu não posso deixar de recomendar, como com certeza está a fazer, ao nosso Banco de Portugal que leia essa conclusão que está no comunicado oficial da cimeira europeia do dia 26 de Outubro». Sublinhando que esta recomendação do conselho europeu surgiu porque os líderes europeus reconhecem que «não se pode provocar um aperto brutal de um momento para o outro que ponha em causa o financiamento da economia», Cavaco Silva reconheceu que compreende a posição que tem vindo a ser defendida pelos bancos portugueses.

«Compreendo a posição que tem vindo a ser assumida por bancos portugueses, cuja principal função devemos reconhecer é proteger os depositantes, é preciso que os portugueses que têm as suas poupanças nos bancos saibam que os seus bancos são sólidos e que não estão em risco as suas poupanças, por aquilo que sei não estão absolutamente nada em risco. Depois os bancos vão transformar essas poupanças em empréstimos à economia», explicou.

Contudo, alertou o Presidente da República, se os bancos portugueses «têm muitas limitações e muitas restrições», maiores do que aquelas que são feitas aos bancos de outros países, então terão não apenas um problema de falta de competitividade com os bancos estrangeiros, mas há também um problema de escassez de recursos para emprestar às empresas privadas.

«Apenas o que recomendo é que seja aplicado aquilo que o conselho europeu em que participaram todos os chefes de Estado e de Governo europeus que recomendam que a desalavancagem seja feita numa proporção adequada, que não ponha em causa o financiamento da economia», insistiu.

Bancos portugueses mais adiantados

A este propósito, o chefe de Estado recordou que até ao final deste ano os bancos portugueses já terão cumprido o rácio de nove por cento e o conselho europeu recomendou que o rácio de capital de 9% seja alcançado em Junho do próximo ano, estando assim «mais avançados» do que instituições de outros países.

Nesse sentido, acrescentou o Presidente da República, deverão ocorrer «aperfeiçoamentos» no acordo com a troika. «É reconhecido em Portugal que a nossa maior dificuldade neste momento não está tanto no cumprimento das medidas orçamentais que constam do acordo da troika está em insuficiências do financiamento da nossa economia e eu acredito que o bom senso irá imperar», referiu, frisando, contudo, que o que está em causa não é a renegociação do acordo.

«Podem sempre ocorrer aperfeiçoamentos, sem que isso signifique renegociação, não está em causa a renegociação», notou.

O tema tem suscitado polémica em Portugal, com os banqueiros a admitirem mesmo processar o Estado.

Cavaco defendeu ainda uma acção mais agressiva por parte do BCE.
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