Liga Europa: Marselha-Benfica, 1-0, 4-2 gp (crónica) - TVI

Liga Europa: Marselha-Benfica, 1-0, 4-2 gp (crónica)

Uma derrota de autor

Relacionados

Com o Toulouse havia sido sofrido, principalmente em França, frente ao Rangers houve muito mais transpiração do que inspiração, e à terceira, o Benfica caiu mesmo nas competições europeias.

No embate frente ao Marselha, as águias puseram fim a uma temporada europeia de muitos dissabores – principalmente na Liga dos Campeões –, e muito possivelmente a uma época que acaba sem glória.

As águias são superiores a este Marselha, mergulhado numa época de caos, mas não foram felizes no sul de França e caíram nos quartos de final da Liga Europa. Mais do que isso, talvez o pior de tudo seja que esta é uma derrota anunciada.

Já lá vamos.

A fórmula de há uma semana

Depois da gestão feita no fim de semana, na receção ao Moreirense, Roger Schmidt voltou à fórmula que tinha sido utilizada no jogo da primeira mão na Luz, e que parece ser o onze de eleição nesta altura da temporada, com Di María, Rafa e Neres no apoio a Casper Tengstedt.

Mas se a primeira hora da eliminatória, em Lisboa, até havia sido razoável, esse Benfica nunca apareceu no Vélodrome. Di María e Rafa tiveram uma noite para esquecer, Casper Tengstedt somou más decisões atrás de más decisões, e só Neres foi capaz de desequilibrar.

Lá atrás, apesar de algumas boas exibições individuais – António Silva na defesa, João Neves e Florentino no meio-campo –, a águia nunca esteve propriamente tranquila: nesse capítulo, Otamendi voltou a ser um fator de estabilização, com várias abordagens precipitadas.

FILME E FICHA DE JOGO.

Só que este Marselha também não é brilhante – as cinco derrotas consecutivas antes desta noite comprovam isso mesmo –, e por isso os encarnados até tiveram uma primeira parte mais ou menos tranquila, apesar da capacidade evidente em ter bola.

Só que a segunda parte só piorou as hostes benfiquistas, e essa piora tem um nome: Roger Schmidt.

Neres, o sacrificado de sempre

Como tantas vezes durante esta temporada – quase sempre, diga-se –, o treinador alemão demonstrou ter uma leitura e uma gestão de jogo a partir do banco, no mínimo, estranha.

David Neres abriu a etapa complementar a «inventar» duas ocasiões de golo – para Di María e Aursnes –, mas foi ele o sacrificado logo à hora de jogo (como quase sempre), quando Di María e Rafa estavam praticamente desaparecidos em combate.

Mais: optou por tirar também Casper Tengstedt, mas aí surpreendeu mais na opção: entregou a Rafa a tarefa de ficar como uma espécie de referência ofensiva. Uma receita já vista algumas vezes em 2023/24, mas sem resultados positivos evidentes.

E com isso o Benfica acabou por baixar metros, e entregar-se à alma do Marselha, empurrado por um Vélodrome em efervescência e a acreditar cada vez mais. Trubin foi evitando o que parecia cada vez mais provável, mas Moumbagna consumou o inevitável à entrada para os últimos dez minutos.

1-0 no jogo, 2-2 na eliminatória. O Benfica voltou a dar vida a um Marselha caótico, tal como já tinha acontecido há uma semana na Luz.

Mas Schmidt manteve-se fiel ao seu guião. Rafa saiu apenas aos 102 minutos, Di María, visivelmente desgastado, fez os 120 minutos. Curiosamente, os encarnados até acabaram essa meia-hora em cima do Marselha, favorecidos pelo critério de Kökcü e João Mário e pela presença de Arthur Cabral no ataque.

Uma roleta que atira o Benfica para a depressão

Só que o mal já estava feito, com Schmidt à cabeça, e a águia estava entregue à sorte. Tal como já se havia visto na Taça da Liga, a roleta dos penáltis não sorriu à formação portuguesa.

Di María falhou o primeiro penálti, António Silva – um dos melhores em campo – o quarto. O Marselha foi irrepreensível e fez a festa, depois de interromper uma série de cinco derrotas consecutivas.

Para os franceses, segue-se a Atalanta nas meias-finais.

Para o Benfica, restam cinco jornadas de Liga de depressão, com a equipa já praticamente arredada de todos os títulos em disputa – resta o campeonato, onde o Sporting tem sete pontos de vantagem.

A qualidade de jogo nunca convenceu, mas Roger Schmidt foi-se agarrando ao facto de os encarnados estarem na disputa de várias provas – sempre demasiado em esforço. Sem isso, não há boia de salvação para este Benfica de 2023/24.

E Roger Schmidt tem muita culpa no cartório. É uma derrota de autor e, acima de tudo, uma época de autor.

Continue a ler esta notícia

Relacionados