Myanmar: Japão pede à China para intervir - TVI

Myanmar: Japão pede à China para intervir

  • Portugal Diário
  • 28 set 2007, 10:22

E terá sido a pressão chinesa a permitir a deslocação de um enviado especial da ONU a Rangum

O primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, pediu hoje ao seu homólogo chinês, Wen Jiabao, que «exerça a sua influência» junto da Junta Militar de Myanmar para resolver a crise no país, noticiou a agência japonesa Kyodo.

Os dois chefes de governo mantiveram hoje a sua primeira conversa telefónica, de cerca de 15 minutos, desde que Fukuda foi eleito, esta semana, primeiro-ministro. «Pedi à China, dadas as suas relações estreitas com Myanmar, que exerça a sua influência e o primeiro-ministro Wen disse que faria esses esforços», explicou Fukuda.

Ambos concordaram que numa data próxima, ainda não determinada, Fukuda visitará a China, país que o primeiro-ministro japonês considera «um vizinho importante», segundo comentou a jornalistas em Tóquio.

O governo japonês anunciou também que irá abrir um inquérito para tentar determinar se Nagai foi atingido deliberadamente pelos militares. Enquanto isso, Yasuo Fukuda excluiu de momento suspender a ajuda humanitária do Japão a Myanmar, como fizeram outros países.

Tóquio pretende também enviar a Rangum o ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros, Mitoji Yabunaka, para se reunir com a Junta Militar, mas as datas e a duração da visita estão ainda por decidir, segundo fonte do ministério.

Entretanto, as últimas notícias dão conta que a deslocação do enviado especial das Nações Unidas a Myanmar deve-se à pressão diplomática da China sobre a Junta Militar birmanesa, disse hoje à Agência Lusa um analista político birmanês no exílio.

«Foi a China que pressionou a liderança de Myanmar a aceitar a ida ao país de Ibrahim Gambari para mediar a crise entre os manifestantes e a Junta Militar», disse Win Min, analista baseado na Tailândia, que fugiu de Myanmar (ex-Birmânia) durante o massacre de 1988, quando o Exército esmagou pelas armas as manifestações pacíficas pró-democracia, matando pelo menos três mil pessoas.

«Só a China tem o poder para pressionar a Junta Militar a deixar Ibrahim Gambari entrar», disse Win Min à Agência Lusa, adiantando que «só pode ser também a pressão chinesa que está a prevenir o governo de não atirar para matar contra os manifestantes, tal como aconteceu em 1988».

Recorde-se que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou o nigeriano Ibrahim Gambari - que se encontra ainda de viagem, tendo chegado hoje a Singapura - para tentar estabelecer o diálogo entre a Junta Militar e os activistas pró-democracia.

Ban apelou ao governo birmanês para «aceitar o diálogo construtivo com Gambari» e para «tomar o caminho da reconciliação nacional pacífica e abrangente». A China ecoou na quinta-feira as palavras de Ban, com Pequim a apelar para a «moderação».
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