Boris Johnson decidiu demitir-se da liderança do Partido Conservador. De acordo com a BBC, o primeiro-ministro britânico quer permanecer na chefia do Governo até que seja eleito o seu sucessor no partido.
Segundo o The Guardian, que cita fontes do nº10 de Downing Street, Boris Johnson falou com o líder do Comité 1922, Sir Graham Brady, e tomou a sua decisão final - terá sido tomada cerca das 8:30 desta quinta-feira.
O anúncio da saída surge depois de mais de 50 membros do executivo terem apresentado a demissão, em protesto pelos contínuos escândalos que envolvem Boris Johnson. As demissões aumentaram a pressão sobre Boris Johnson para sair do governo, sendo que o influente Comité 1922, que agrupa os deputados conservadores, prepara uma modificação das regras para que se possa levar a cabo uma nova moção de censura interna contra o chefe do governo.
Boris Johnson já terá falado com a rainha Isabel II, avança a ITV. De acordo com Anushka Asthana, a editora de política do canal britânico, a conversa foi uma questão de "cortesia" na sequência do anúncio iminente sobre o plano de demissão do primeiro-ministro. Contudo, o Palácio de Buckingham recusou comentar se a rainha teve alguma comunicação com Boris Johnson na manhã desta quinta-feira, informou a PA Media. Segundo o The Guardian, a rainha está no Castelo de Windsor e a Court Circular registou que a monarca realizou a sua audiência semanal por telefone com o primeiro-ministro na noite de quarta-feira.
Oposição quer eleições: "Boris é responsável por mentiras, escândalos e fraude a uma grande escala"
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, afirmou esta quinta-feira que a demissão do primeiro-ministro Boris Johnson é uma "boa notícia para o país". "Não precisamos de mudar o Tory (conservador) no topo, precisamos de uma mudança adequada de governo", reiterou o líder da oposição, que acrescentou: "O Reino Unido precisa de começar do zero".
The Conservatives have overseen 12 years of economic stagnation, declining public services and empty promises.
We don’t need to change the Tory at the top – we need a proper change of government.
We need a fresh start for Britain. pic.twitter.com/uMxRTomXX9
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) July 7, 2022
Keir Starmer diz que a demissão de Boris "já devia ter acontecido há muito tempo". "Ele sempre foi inapto para o cargo. É responsável por mentiras, escândalos e fraude a uma grande escala. E todos os que foram cúmplices deviam ter vergonha", acusou o líder da oposição num comunicado partilhado no Twitter.
Líder escocesa diz que Boris "foi incapaz" de ser primeiro-ministro
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse esta quinta-feira que haverá uma "sensação generalizada de alívio" quando o "caos" dos últimos dias da liderança de Boris Johnson chegar ao fim, afirmando também que a possibilidade de este permanecer como primeiro-ministro até ao outono "parece longe do ideal".
"Haverá uma sensação generalizada de alívio de que o caos dos últimos dias (na verdade, meses) chegará ao fim, embora a ideia de Boris Johnson permanecer como primeiro-ministro até ao outono pareça longe do ideal e certamente não sustentável", afirmou Sturgeon numa série de tweets.
1. There will be a widespread sense of relief that the chaos of the last few days (indeed months) will come to an end, though notion of Boris Johnson staying on as PM until autumn seems far from ideal, and surely not sustainable? https://t.co/SQXuCC1HYH
— Nicola Sturgeon (@NicolaSturgeon) July 7, 2022
"Boris Johnson sempre foi manifestamente incapaz de ser primeiro-ministro e os conservadores nunca deveriam tê-lo eleito líder ou mantido no cargo por tanto tempo. Mas os problemas são muito mais profundos do que um indivíduo. O sistema de Westminster está fragilizado", disse Sturgeon.
Sturgeon também afirmou que, para a Escócia, “o défice democrático inerente ao governo de Westminster não é corrigido com uma mudança de primeiro-ministro”, acrescentando que nenhum dos políticos do Partido Conservador que disputam a liderança “jamais seria eleito na Escócia”.
"Por fim, as minhas diferenças com Boris Johnson são muitas e profundas. Mas a liderança é difícil e traz muitas tensões e tensões e por isso, a um nível pessoal, desejo-lhe e à sua família tudo de bom", acrescentou.
"Ele não gosta de nós, nós também não gostamos dele": o adeus do Kremlin a Boris Johnson
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, pronunciou-se esta quinta-feira sobre a crise política de Boris Johnson, noticia a agência Reuters. Porém, o governo russo não encara a situação no Reino Unido como "uma prioridade".
"Ele não gosta de nós, nós também não gostamos dele", afirmou Dimitry Peskov, que acrescentou: "A crise governamental no Reino Unido não pode ser uma prioridade para o nosso trabalho".
Boris Johnson tem sido um assumido apoiante de Volodymyr Zelensky, tendo visitado Kiev já por duas vezes desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.