Histórias que são de arrepiar - TVI

Histórias que são de arrepiar

Violência (arquivo)

Cinco pessoas morrem todos os meses em Portugal vítimas de violência doméstica. Cavaco meteu-se entre marido e mulher e pediu ajuda aos portugueses para combater o flagelo. As histórias de violência

Os números mostram que as mulheres são as principais vítimas de violência doméstica, mas o primeiro caso que chegou ao Núcleo Mulher e Menor da GNR, na Área Metropolitana do Porto (AMP), foi precisamente o de um idoso que se queixava de maus tratos. Os cabos da GNR Paulo Vieira Pinto e Anabela Azevedo que integram este núcleo responsável pela investigação em nove concelhos da AMP (os casos do Porto são reportados à PSP) recordam bem a história.

Tudo aconteceu em 2004. Um idoso de 80 anos, doente de Alzheimer, queixou-se de agressões por parte da mulher, de 78 anos. Na altura, o senhor estava hospitalizado pela segunda vez depois de ter sido agredido «com facas e garfos, no pescoço e nas mãos». Vítima e suposta agressora acabaram por falecer meses depois, poucos dias após a arguida ter sido formalmente acusada. O caso foi arquivado, mas os agentes não esqueceram a indiferença dos filhos do casal, que não chegaram a conhecer pessoalmente.

Agressor condenado a 14 anos de prisão

Outro caso, este mais recente, teve um desfecho diferente. Uma mulher, de 40 anos, apresentou queixa por agressões do companheiro. Posteriormente desapareceu e as tentativas para encontrá-la revelaram-se infrutíferas. Pouco tempo volvido, a senhora ligou à cabo Anabela Azevedo informando que tinha sido sequestrada pelo companheiro. A senhora foi resgatada e a batalha seguinte consistiu em convencer a filha menor a admitir os abusos sexuais que o padrasto lhe infligia. A «insistência» e «paciência» dos agentes deram frutos e o homem acabou condenado em 14 anos de cadeia. Os cabos não têm dúvidas: «sem o trabalho especializado do Núcleo Mulher e Menor o arguido nunca teria sido condenado».

O trabalho dos núcleos começou por operar revoluções dentro de portas. Para alguns agentes, a mulher violada que envergasse mini-saia estava obviamente a colocar-se a jeito. «Foi contra esta mentalidade e contra a ideia da violência doméstica quase socialmente aceite que tivemos de lutar dentro da própria GNR e especialmente junto dos agentes mais antigos», admite Paulo Vieira Pinto.

Leia a conclusão deste texto: «Uma história feliz»
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