Lula, um «Silva português»

O presidente brasileiro salientou o facto do estreitamento das relações entre a União Europeia (UE) chegarem a uma parceria estratégica, numa altura em que Portugal assume a presidência da UE. Para Lula da Silva, «coincidência ou não», o facto deste novo ciclo se abrir em Lisboa é um motivo de «alegria».

«É uma alegria podermos estar constituindo essa cimeira quando Portugal assume a presidência da UE e ao mesmo tempo tem o ex-primeiro-ministro Durão Barroso à frente da Comissão Europeia», realçou o chefe de Estado sul-americano, frisando: «Coincidência ou não, foi preciso Portugal assumir o poder da UE para que essa cimeira pudesse ser realizada».

Lula da Silva não deixou de recuperar a herança história que colocou os dois países lusófonos num patamar de relacionamento privilegiado. «É importante lembrar que os portugueses aportaram no Brasil em 1500. É importante lembrar que depois dos portugueses os franceses tentaram entrar, e portugueses e brasileiros não deixaram, e depois os holandeses tentaram entrar e também não deixámos».

Porém, numa cimeira europeia, o presidente alargou o espectro histórico e não quis deixar de frisar que a abertura também está na génese do seu país: «Em 1850, os alemães aportaram no Brasil e estão lá, como estão os italianos, que chegaram em 1875, como estão os japoneses, que chegaram em 1908, como estão os espanhóis, que chegaram no início do século XX».

«Hoje, o Brasil é uma nação que tem um povo que é o resultado dessa miscigenação entre europeus, índios e negros e que permitiu nós saíssemos do jeito que somos. Com o samba, com o carnaval, com o futebol e com muita vontade de vencer na vida», disse o Lula da Silva, que, no momento de sublinhar as origens, regressou ao tom inicial do ciclo com que iniciou o seu discurso.

«Portugal tem um significado muito grande para a alma do povo brasileiro. O meu Silva não é um Silva inglês, ou um Silva alemão, é um Silva português», disse.