Director de Festival de Sitges defende-se em tribunal

O director do Festival de Cinema de Sitges, Angel Sala, defendeu esta terça-feira a decisão de exibir o polémico filme «A Serbian Film», na última edição do certame, afirmando que se usaram bonecos para recriar cenas de sexo com menores.

Sala é arguido num processo de promoção de pornografia infantil pela projecção do filme no festival. O director do certame apresentou na audiência desta manhã imagens do making off do filme do director sérvio Srdjan Spasojevic, para demonstrar no tribunal que se utilizaram bonecos, negando que o filme seja pornográfico.

Fontes judiciais referidas pela agência Lusa explicaram que Sala defendeu a decisão de apresentar o filme, que foi apresentado com «normalidade» em todo o mundo recebendo pelo menos sete prémios em vários festivais internacionais.

«A Serbian Film» foi exibido na passada edição do festival de Sitges e a associação espanhola de Defesa do Menor denunciou o caso à Procuradoria de Barcelona, que abriu um processo. O Ministério Público espanhol considera que duas cenas do filme poderão ultrapassar a legalidade: uma com a violação de um recém-nascido e outra de sexo com uma criança de cinco anos.

A procuradoria de Barcelona acusou o festival e o seu director de promoção de pornografia infantil pela exibição do filme, numa decisão que causou polémica no sector do cinema, dentro e fora de Espanha.

O filme de Spasojevic venceu no último Fantasporto o Prémio Especial do Júri tendo o director do certame português, Mário Dorminsky, considerado, em declarações à Lusa em Março, que a situação é «perfeitamente surrealista» [como pode ver no artigo relacionado].

Na mesma altura, também uma dezena de directores de festivais de cinema espanhóis assinaram uma carta de apoio a Ángel Sala na qual sublinham a «estranheza» da actuação judicial contra o director do Festival de Sitges [no mesmo artigo relacionado].



Mas «A Serbian Film» não tem gerado polémica apenas em Espanha. Também na última edição do Festival de Londres a obra de Spasojevic foi centro das atenções ao ser excluída do certame porque não houve acordo entre as autoridades inglesas e os organizadores no que respeita a cortes de cenas polémicas [ver outro artigo relacionado].