«Shirin» é homenagem à sétima arte - TVI

«Shirin» é homenagem à sétima arte

Realizador iraniano Abbas Kiarostami apresentou filme no Festival de Veneza

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O realizador iraniano Abbas Kiarostami apresentou esta quinta-feira em Veneza, extra-concurso, a película «Shirin», baseada num conto medieval e que é uma homenagem ao cinema «tecida» através dos rostos silenciosos de 113 actrizes, noticia a Lusa.

Kiarostami, que em 1997 ganhou uma Palma de Ouro em Cannes descrevendo a vida através de quem não queria vivê-la, em «O Sabor das Cerejas», fá-lo agora através de quem a representa: 112 actrizes iranianas e uma francesa, Juliette Binoche.

Sentadas numa sala de cinema, sem pronunciar uma palavra, as 113 mulheres «explodem» de emoção perante o contraste entre o seu raio de acção vital e as possibilidades infinitas que lhes revela a sétima arte.

«Sempre me fascinou o público, mesmo num jogo de futebol. Sem espectadores não há espectáculo. Entram no cinema juntos, mas vêem a película separados e cada um deles tem uma visão diferente na sua cabeça», explicou o realizador.

«Shirin», baseada num relato popular iraniano com mais de 800 anos, nasce de dois trabalhos anteriores do realizador: uma obra de teatro religioso que pôs em cena em Roma em 2004, e que misturou com cenas dos seus filmes, e a curta-metragem que filmou para celebrar o 60.º aniversário do Festival de Cannes no projecto colectivo «Chacun son Cinema».

Juliette Binoche tem no filme um pequeno papel de apenas dois minutos de duração, durante os quais aparece com um véu no rosto.

A actriz, que prossegue a sua trajectória geográfica depois de filmar com Kieslowski, Ferrara, Minghella, Haneke e Hou Hsiou Hsein, combinou férias em Teerão com este breve trabalho com Kiarostami e pediu que o seu nome não fosse utilizado para fins publicitários. A sua decisão de usar um véu no filme suscitou alguma polémica.

«Com esta actuação, quis viver a experiência daquelas mulheres que o usam com convicção e solidarizar-me com as que o usam por imposição», tinha dito a actriz numa projecção do filme em Paris.

A história de «Shirin» é a de uma princesa que, enamorada de um homem que não é o escolhido pela família para o seu casamento, luta para ser ela a decidir o seu destino e assume as trágicas consequências do seu acto.

«É uma história melodramática e, por isso, nunca passará de moda», afirmou o realizador, na opinião do qual este é o projecto «mais cinematográfico» da sua carreira.
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