IndieLisboa: o poder de «Carlos» no arranque - TVI

IndieLisboa: o poder de «Carlos» no arranque

Festival começa esta quinta-feira

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O filme sai da série já exibida e elogiada. O filme seguiu, muito normalmente, o mesmo caminho. Por onde tem sido visto tem deixado boas, grandes apreciações. Esta quinta-feira, «Carlos» surge em Portugal como o primeiro filme do IndieLisboa`11. Que começa, pois então, com um tremendo pontapé de saída.

A biografia realizada por Olivier Assayas sobre o homem que começou por ser Ilich Ramírez Sánchez, teve como nome de código «Carlos» e ainda currículo para a alcunha de «O Chacal» merece ainda mais um nome em referência: Édgar Ramírez, o actor que consegue transmitir como era ao vivo esta figura que tantos em todo o mundo conheceram apenas de nome - mas que sabiam quem era.

Nas três últimas décadas do século passado, «Carlos, O Chacal» (alcunha - e respectivo episódio de origem - que o filme acaba por deixar de fora) foi dado a conhecer apenas pelo nome de guerra e por uma fotografia que apareceu a dar um rosto ao mito que Assayas faz descer ao patamar do conhecedor comum - até agora comummente refém desse carácter de espécimen raro da fotografia ou de um outro episódio, como o tal da alcunha de «O Chacal», na construção desse mito.

E, preciosismos à parte, está lá tudo o que pode ajudar a conhecer este homem inteligente defensor de Ideais, mas também - ou sobretudo, numa dúvida deliberada - defensor dos seus ideais; o homem que como o próprio diz é «um soldado não um mártir», o sedutor e amante do que lhe aguça os apetites, a estrela naquilo que faz, a eficácia que lhe dá esse estatuto, a fama, o medo que inspira, a implacabilidade que lhe é permitida quando o vento corre a seu favor; mas também, por fim, a última realidade que respeita à sua condição finita, por muito bom que tenha sido naquilo que fazia, quando o vento deixa de correr. E volta-se a ter de lembrar a representação de Édgar Ramírez.

O trabalho de investigação que permite a obra de Assayas é notável e é depois complementado com quase três horas (o filme) de acções muito reais muito bem filmadas e cuidadas até aos pormenores. É um filme sobre um terrorista e com o terrorismo como sujeito, mas aqui não se inventa um ritmo que dê corpo a uma sucessão de acontecimentos que encaixem e funcionem cinematograficamente. Isto que se vê no filme aconteceu e Assayas não se limita a fazer uma colecção ou sucessão de assassinatos ou ataques que ficaram para a história. Não é que se esperasse que ficasse por aí. Mas a composição neste todo do que de facto aconteceu ganha especial relevo por isso mesmo e porque dá uma convicção de que se fosse criado não tinha ficado tão bom.

A apreciação da qualidade do «Carlos» de Olivier Assayas será, obviamente, condicionada pela geração que vir o filme - por mais ou menos distante que esteja desta personagem real. Mas isso não implicará seguramente uma divergência no valor qualitativo do filme; apenas poderá este ser acompanhado de uma visão mais ou menos apaixonada pela História... ainda recente.

«Carlos», Olivier Assayas, França/Alemanha, 162`

Às 21h15 na Culturgest

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