Mia Couto «feliz» com filme a caminho do Cairo

O escritor moçambicano Mia Couto declarou-se esta quarta-feira «feliz» pela exibição do filme «Terra Sonâmbula», inspirado no seu romance com o mesmo nome, no I Festival de Cinema Ibérico, que começa no domingo no Cairo, Egipto.

«Fico feliz, porque concebi o livro. Mas fico sobretudo feliz pela realizadora portuguesa (Teresa Prata), pela excelente qualidade com que fez a transposição livro-filme», realçou Couto em declarações à agência Lusa.

Para o escritor moçambicano, «o mérito de Teresa Prata pelo seu trabalho cinematográfico na adaptação é ainda mais especial, tendo em conta que o filme foi produzido com poucos recursos e envolveu actores amadores».

«Ela dispôs de poucas condições na adaptação do livro para cinema, mas conseguiu um resultado que tem merecido uma boa reacção», sublinhou.

Primeira longa-metragem de Teresa Prata, «Terra sonâmbula» conta a história de Muidinga, um menino moçambicano que procura a família em plena guerra civil.

O filme tem apenas dois actores profissionais no elenco: a moçambicana Ana Magaia e a portuguesa Laura Soveral. Os restantes actores, incluindo o menino de 12 anos que protagoniza Muidinga (Niko Lauro Teresa), são amadores que responderam a anúncios colocados pela realizadora em jornais e na televisão moçambicanos.

«Terra Sonâmbula» é uma co-produção portuguesa (Filmes do Fundo), alemã (ZDF/ARTE), e moçambicana (ÉbanoMultimédia), com o apoio do Ministério da Cultura, através do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), da RTP, e do Instituto Camões.

Desde a sua estreia em Portugal, em 2008, no Festival IndieLisboa, a longa-metragem recebeu já vários galardões internacionais, em festivais como o de Kerala (prémio FIPRESCI, Federação Internacional de Críticos de Cinema), Pune (prémio de melhor realizador), Famafest (prémio da Lusofonia), e Milão (prémio SIGNIS).

Além de «Terra Sonâmbula», o I Festival de Cinema Ibérico, que termina a 19 de Fevereiro, exibirá mais quatro filmes de realizadores portugueses: «Os Mutantes», de Teresa Villaverde, «Rasganço», de Raquel Freire, «Fleurette», de Sérgio Tréfaut, e «A costa dos murmúrios», de Margarida Cardoso.