Deneuve, que interpretou «Hélène» no filme de 1995, diz que o realizador era alguém «muito singular, diferente de outros cineastas, e que trabalhar com Manoel de Oliveira foi uma «experiência para sempre recordar».
«Uma experiência com um cineasta com uma personalidade tão forte e um estilo tão particular como o dele é seguramente uma experiência que vamos sempre recordar. (…) Desde que o conheço que o vi a fazer um filme por ano. Era alguém muito charmoso, um homem que gostava muito de mulheres, que tinha uma curiosidade por tudo, pela vida. Era muito curioso, muito insaciável com a vida e a vontade de acumular experiências diferentes», disse.
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Deneuve contou que estava com Manoel de Oliveira quando o realizador decidiu que não ia recorrer mais à técnica do «travelling», que consiste em movimentar a câmara para acompanhar, por exemplo, um personagem, algo que a surpreendeu, mas que fazia parte do estilo «singular» do realizador.
«Estava a trabalhar com ele quando decidiu não fazer mais “travellings”. Isso era muito estranho e até irreal, e ele [calmamente] explicou-me que isso não tinha importância, que não se ia notar no ecrã, e eu segui-o. Também rodei filmes experimentais com outros realizadores, cada um com fixações e obsessões diferentes, em todo o caso com o Manoel de Oliveira tudo era muito singular».
Já John Malkovich, que interpretou Michael Padovic, em «O Convento», diz que é difícil imaginar um mundo sem o cineasta português , ainda que Manoel de Oliveira tenha tido uma vida longa e rica. Malkovich enumera ainda os seus filmes preferidos do realizador português.
«É muito difícil para mim imaginar um mundo sem a luz e presença. (…) É muito triste isto da vida e da morte, mas c’est la vie. [Manoel de Oliveira] teve uma vida longa e incrivelmente rica. O meu filme preferido dele é o “Vale Abraão” (1993), [mas] também gosto muito de “Non [a Vã Glória de Mandar]”. Pessoalmente adoro as curtas que ele fez sobre a cidade do Porto».