Como o Cazaquistão ficou famoso - TVI

Como o Cazaquistão ficou famoso

Borat (cartaz)

Borat é o culpado. Na Rússia o filme até foi proibido, mas o comediante Sacha Cohen tem fãs pelo mundo. É um sucesso na Internet, televisão e cinemas. No Cazaquistão, é que não entendem o seu sentido de humor...

Foi proibido na Rússia e agora arrisca-se a ser processado. O filme «Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan» (Os Ensinamentos Culturais da América para o Benefício da Nação Gloriosa do Cazaquistão, em tradução livre) pode ir parar ao tribunal. Os vários actores «acidentais», que entram no que lhes foi dito ser um documentário, não sabiam que o resultado final ia ser uma paródia.

O comediante britânico Sacha Baron Kohen, que desempenha o papel do jornalista Borat Sagdiev, é desde há muito uma figura incómoda para as autoridades do Cazaquistão, país da Ásia Central aliado de Moscovo.

O jornalista do Cazaquistão, neste filme, não se cansa de levar ao conhecimento dos norte-americanos os «êxitos» do Cazaquistão no plano da democracia: as mulheres podem andar de autocarro desde 2003, a perseguição dos ciganos diminuiu, mas deve-se continuar a atirar os judeus ao poço, os serviços secretos do Uzbequistão aumentam as suas actividades, mas as catapultas cazaques podem reduzir a cinzas as cidades uzbeques.

Sacha Kohen é um comediante famoso desde Ali G, o rapper, uma das suas personagens, e com Borat atingiu o topo, primeiro na Internet e agora no cinema, com o filme a atingir o primeiro lugar nas bilheteiras.

Antes mesmo da estreia, este mês, Borat já tinha causado problemas às autoridades do Cazaquistão. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yerzhan Ashykbayev, divulgou uma nota oficial considerando que Cohen estava a seguir directrizes políticas para apresentar o seu país e o seu povo de um modo depreciativo. Em resposta, Cohen produziu um vídeo parecido com os realizados por grupos extremistas, para negar qualquer ligação com Cohen e apoiar plenamente o governo se este quisesse processar o humorista.

Rússia proíbe filme

Já na Rússia, país aliado do Cazaquistão, o filme foi proibido, o que não acontecia desde o fim do comunismo. A película deveria estrear-se em Moscovo a 30 de Novembro, mas a distribuidora russa Gemini-filme já anunciou a suspensão do seu lançamento no mercado russo. A distribuidora justificou a sua decisão com a proibição imposta pelo Comité para o Cinema da Rússia (CCR).

Iuri Vassiutchkov, um dos dirigentes do CCR, confirmou a proibição e explicou: «Considerámos que o filme contém materiais que a um certo número de espectadores podem parecer humilhantes para certos povos e religiões».

Erjan Achikaev, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, declarou que «as companhias distribuidoras devem ser responsáveis e não mostrar esse filme», por ser «insultuoso para o povo do Cazaquistão» e poder «provocar críticas da opinião pública, que acusará o governo de permitir semelhantes coisas».

A interdição imposta pelas autoridades culturais russas não deverá impedir os russos de verem o filme. Terão apenas de desembolsar mais alguns rublos para adquirir cópias piratas nos numerosos mercados de Moscovo e de outras cidades russas.

Próxima personagem será repórter austríaco e gay

O sucesso já estava programado pelos grandes estúdios norte-americanos, como a DreamWorks, Sony, Fox e Warner Bros, que apostaram ferozmente no comediante como uma máquina de fazer dinheiro e provocar polémica. O filme só estreou este mês e o próximo, produzido pela Universal Pictures, já está garantido. O sucessor de Borat é Bruno, repórter de TV, austríaco e gay, que afirma ser «a voz da juventude na TV da Áustria». O personagem também foi criado para o programa Ali G Show. As filmagens começam em Julho de 2007.

Veja aqui o trailer do filme.
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