Eliminar estrume de vacas com raios artificiais ajuda a reter o metano que aquece o planeta - TVI

Eliminar estrume de vacas com raios artificiais ajuda a reter o metano que aquece o planeta

  • CNN
  • 23 jan 2022, 18:00
Raios artificiais eliminam metano do estrume de bovinos

Uma empresa norueguesa, com sede em Oslo, está a testar a sua tecnologia de plasma em vários locais na Europa, incluindo em três quintas no Reino Unido

Uma empresa norueguesa de tecnologia encontrou uma forma de impedir que o estrume de bovino liberte gás metano, através de um raio artificial.

O metano é um potente gás com efeito de estufa cujas principais fontes de emissões incluem infraestruturas com fugas de combustível fóssil, aterros sanitários e a indústria pecuária.

A norueguesa N2 Applied, com sede em Oslo, está a testar a sua tecnologia de plasma em vários locais na Europa, incluindo em três quintas no Reino Unido.

"Basicamente, estamos a aproveitar os raios para destruir os dejetos do gado e reter as emissões nocivas," disse à Reuters o diretor de desenvolvimento de negócio da N2, Chris Puttick, na quinta de testes de Buckinghamshire, em Inglaterra.

 

Neste local, 200 vacas leiteiras fornecem a matéria-prima: estrume.

Um raspador de dejetos recolhe todos os excrementos do chão do celeiro e deposita-os numa fossa, de onde depois serão transferidos para a máquina da N2, alojada num contentor de transporte marítimo de tamanho standard. O nitrogénio existente no ar e uma descarga de uma tocha de plasma de 50 quilowatts vão atuar sobre a massa de dejetos, retendo as emissões de metano e amoníaco.

"Quando juntamos o nitrogénio existente no ar ao estrume, basicamente, isso vai alterar o ambiente para travar a metanogénese. Portanto, vai diminuir o pH para abaixo de 6, o que faz com que possa ser detetado mais cedo. Vai suspender a decomposição dos micróbios do metano que depois expelem o gás para a atmosfera”, disse Puttick, acrescentando que a tecnologia patenteada pela empresa é a única do seu género.

O que sai da máquina é um líquido acastanhado e inodoro chamado “NEO”, um fertilizante orgânico enriquecido com nitrogénio.

De acordo com a N2, o NEO tem o dobro do teor de nitrogénio de um fertilizante nitrogenado comum, que é um dos fertilizantes mais utilizados para aumentar a produção de milho, colza e outras culturas.

Puttick diz que testes independentes demonstraram que a tecnologia da empresa reduz as emissões de metano do estrume em 99 por cento. Também reduz em 95 por cento as emissões de amoníaco, classificado pela União Europeia como uma das principais fontes de poluição atmosférica nociva para a saúde.

Numa exploração leiteira com 200 vacas, isto resulta “numa redução de cerca de 199 toneladas de carbono equivalente todos os anos com apenas uma máquina”, disse Puttick, acrescentando que a empresa pretende expandir a tecnologia a todo o setor pecuário do Reino Unido e que instalou recentemente a tecnologia numa exploração suinícola.

O lançamento de um modelo comercial do aparelho está previsto para junho de 2022, num formato de módulos “empilháveis”, para que explorações agropecuárias maiores possam ir acrescentando módulos para dar vazão à quantidade de dejetos produzida. Os valores ainda não foram anunciados, mas Puttick disse que o valor que uma exploração terá de desembolsar será semelhante ao de um trator de tamanho médio.

A N2 Applied recebeu um apoio de mais de 17 milhões de euros da União Europeia, no âmbito do programa comunitário Horizonte 2020, um instrumento de apoio a projetos de investigação e inovação.

O Global Methane Pledge (Compromisso Global do Metano), lançado em novembro na cimeira COP26, em Glasgow, assumiu o compromisso de reduzir as emissões de metano em 30 por cento até 2030.

O metano tem uma maior capacidade de retenção calor do que o dióxido de carbono, mas decompõe-se mais rapidamente na atmosfera, o que significa que uma redução significativa das emissões de metano até 2030 poderá ser uma solução rápida e eficiente para abrandar o aquecimento global.

Em maio, um relatório das Nações Unidas de maio afirmou que reduções acentuadas das emissões de metano nesta década poderiam evitar o aumento de 0,3 graus Celsius de aquecimento global até 2040.

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