Juramento de cardeais transmitido pela televisão - TVI

Juramento de cardeais transmitido pela televisão

  • Portugal Diário
  • António Sampaio, da Agência Lusa
  • 18 abr 2005, 15:25
Começou o conclave que vai eleger o sucessor de João Paulo II

São as únicas imagens do Conclave, antes da reclusão a que os cardeais são obrigados. Já celebraram missa, apelando a conselhos divinos. Jornal italiano coloca D. Policarpo nos «papabili»

Pela primeira vez na história da Igreja Católica, o público vai ver pela televisão, imagens do juramento inicial dos 115 cardeais no interior da Capela Sistina, no arranque do Conclave em que será eleito o 264 sucessor de São Pedro.

Responsáveis da Televisão do Vaticano indicaram hoje que deverão ser distribuídas imagens em directo da procissão que os cardeais farão entre a Casa Santa Marta e a Capela Sistina, cerca das 16:30 locais (15:30 de hoje em Lisboa) bem como do arranque formal do conclave.

As imagens iniciais serão as únicas captadas do Conclave que será depois, e como é tradição no Vaticano, totalmente encerrado ao exterior até que o novo pontífice seja eleito.

Ao que tudo indica a transmissão terminará no momento em que for dada a ordem "Extra Omnes" (todos fora) e a Capela Sistina for formalmente encerrada. O mundo saberá dos resultados das votações através da cor do fumo que sai da chaminé: juntando lenha e pez ao papel, obtém-se fumo negro, que indica um resultado negativo, ao passo que o fumo branco provocado pela simples queima do papel anuncia um novo Pontífice da Igreja Católica.

O último contacto público dos cardeais até à eleição do próximo Papa - a missa que hoje decorreu na Basílica de São Pedro - já terminou.

Com cerca de duas horas de duração, a eucaristia que serve para os cardeais apelarem a conselhos divinos na sua escolha, marcou o arranque do processo do Conclave.

Os cardeais saíram em fila da Basílica, recolhendo-se novamente à Casa de Santa Marta, onde ficarão alojados durante o conclave e de onde só voltarão a sair hoje à tarde.

A missa foi presidida por um dos favoritos na sucessão da cadeira de São Pedro, o cardeal alemão Jospeh Ratzinger, que numa homilia dominada pelas referências litúrgicas apelou a «maturidade» na fé e ao combate à nova «ditadura do relativismo».

Jornal italiano coloca D. Policarpo nos «papabile»

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, é hoje apontado pelo jornal La Repubblica como um dos favoritos à sucessão papal. O diário italiano descreve D. José Policarpo como um cardeal capaz de transitar entre a expressão «grave» na celebração da fé e a «humana» nos contactos com os fiéis.

Descrevendo a missa celebrada pelo patriarca de Lisboa na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, no domingo, o jornal saúda quer o celebrante quer o espaço

«barroco» que se mostrou «esplêndido», decorado com flores

«como se de um matrimónio se tratasse».

«José Policarpo tem uma face que muda de expressão. Grave, quando celebra os mistérios da fé, humano e sorridente quando estende as mãos aos fiéis», escreve o jornal, notando a sua aparência «mediterrânica» e os seus olhos «vivos». «Tem 69 anos, a idade perfeita neste conclave para ser candidato. Poderá ser uma ponte entre a Europa e a América Latina, uma antena sensível virada para a religiosidade popular e para a fé que se interroga nas metrópoles do ocidente Cristão».

As regras do conclave

Estão convocados para o conclave todos os «príncipes da Igreja» que não tenham completado 80 anos até à morte de João Paulo II, a 2 de Abril. Dos 183 cardeais existentes, 117 estão nestas condições, mas só 115 participam na eleição porque dois, o filipino Jaime Sin e o mexicano Adolfo Rivera, não puderam deslocar-se a Roma por motivos de saúde.

Segundo as regras definidas ao pormenor na constituição apostólica Universi Dominici Gregis, os cardeais eleitores têm de cortar todos os laços com o mundo exterior até que consigam acordar no nome do novo Papa.



Pela primeira vez toda a Cidade do Vaticano foi declarada zona de conclave, e não apenas a Capela Sistina como no passado. Todo o pessoal (motoristas, cozinheiros ou guardas) que prestem assistência aos cardeais deverão jurar segredo sobre tudo o que possam ter ouvido. As regras relativas ao isolamento incluem a proibição de telemóveis e agendas electrónicas, além de telefonemas, cartas e televisão.
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