Pílula do dia seguinte mais utilizada em zonas turísticas - TVI

Pílula do dia seguinte mais utilizada em zonas turísticas

Pílula do dia seguinte mais utilizada em zonas turísticas

Madeira, Açores e Algarve são recordistas da contracepção de emergência. Números são mais elevados nas jovens, mas são também elas quem mais usa contraceptivos. Métodos tradicionais caíram em desuso

Mais de 13 por cento das portuguesas já utilizaram a pílula do dia seguinte, pelo menos uma vez. Madeira, Açores e Algarve apresentam os valores mais elevados de mulheres que já recorreram à contracepção de emergência, revela um estudo sobre as práticas anticoncepcionais das portuguesas, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), divulgado esta terça-feira.

Enquanto nas restantes regiões o uso na pílula do dia seguinte não chega aos 15 por cento (o valor máximo é 14,6 no Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo), na Madeira, região em que a contracepção de emergência é mais utilizada, os números atingem os 20,6 por cento. Seguem-se o Algarve, em que 19,4 por cento das mulheres já usou pílula do dia seguinte e os Açores, com 18,5 por cento das mulheres a recorrerem a este método contraceptivo.

A «Avaliação das práticas contraceptivas das mulheres portuguesas» revelou ainda que o uso da contracepção de emergência aumenta consideravelmente nas adolescentes. Mais de um terço das jovens entre os 15 e os 19 anos sexualmente activas (35,6 por cento) admitem ter utilizado este método pelo menos uma vez.

Silva Carvalho, presidente da SPMR, considera que o elevado recurso à pílula do dia seguinte «é muito grave» e sublinha que «pode ser ainda mais grave porque não sabemos se é recorrente».

Apesar de tudo, este estudo traz conclusões positivas em termos das práticas contraceptivas das portuguesas. Os resultados mostram que são as mulheres mais jovens (até aos 29 anos) que mais utilizam métodos contraceptivos, o que poderá ter a ver com facto de terem mais informação sobre o assunto. Silva Carvalho destaca o papel da escola e da família na abordagem deste tema. Cerca de 87 por cento das adolescentes aborda contracepção na escola, e quase metade fala sobre o assunto com a mãe.

A maior informação leva a que os tradicionais métodos da temperatura e do calendário, pouco fiáveis, já quase não sejam utilizados.

Nota-se também uma evolução em termos da utilização conjunta dos métodos contraceptivos. A faixa etária dos 15 aos 19 é a que mais usa a pílula em conjunto com o preservativo, o que, segundo o presidente da SPMR, pode «reflectir que já sabem que para além da contracepção, também é preciso evitar as doenças sexualmente transmissíveis».

Mas, sendo que a maioria das portuguesas (62 por cento) escolheu a pílula como método contraceptivo, e dado que mais de 70 por cento admite esquecer-se de tomar os comprimidos entre uma a três vezes por ano, a utilização conjunta de outro método pode evitar uma gravidez indesejada.

Daniel Pereira da Silva, presidente da SPG, explicou ao PortugalDiário que, em caso de esquecimento, a mulher tem várias opções: «Tomar dois comprimidos é uma prática correcta, desde não ultrapasse as 12 horas de atraso, porque depois disso, não está garantido o efeito contraceptivo». Em caso de ultrapassar o prazo das 12 horas, o melhor será «utilizar um método barreira, como o preservativo, nas relações sexuais». Mas se a mulher já teve relações sem protecção «será necessário recorrer à contracepção de emergência».

O implante subcutâneo poderia ser uma solução para as mulheres que tendem a esquecer-se de tomar a pílula, contudo, Daniel Pereira da Silva explicou que «apesar de ser um método de elevada segurança, tem efeitos colaterais, como o aumento de peso, que fazem com que as mulheres, sobretudo as mais jovens não optem por este método». O presidente da SPG disse ainda que por várias vezes inseriu esses implantes e depois as mulheres lhe pediram para os retirar, «precisamente por causa do aumento de peso».

Portanto, apesar de ser um método fiável e que tem a duração de três anos, ainda só é utilizado por um por cento das portuguesas.
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