Polícias a menos nos comboios - TVI

Polícias a menos nos comboios

Comboio (foto de arquivo)

Utentes denunciam aumento de violência. Poucos agentes na «ronda»

A insegurança nos comboios da linha de Sintra está a aumentar, alertaram, esta quarta-feira, os utentes e o principal sindicato de polícias. Um aumento de gangs armados e a ausência de agentes a patrulhar está a potenciar os assaltos que, segundo a comissão de utentes, ocorrem diariamente.

A denúncia foi feita esta tarde e pretende pedir mais policiamento, assim como chamar a atenção das autoridades competentes para a situação «preocupante» com a qual os utentes se confrontam. Mesmo sem dados concretos, Rui Ramos, presidente da Comissão de Utentes da Linha de Sintra, denuncia um aumento de assaltos e de violência. As causas são a situação social e o desinvestimento na segurança por parte da CP.

«O desemprego e as bolsas de miséria levam a que ocorram mais casos. Por outro lado, as medidas economicistas da CP, com o corte de serviços gratificados da PSP, não ajudam a resolver o problema. A segurança privada não é solução e não tem os mesmos meios e autoridade», sustentou em declarações ao PortugalDiário.

Actualmente, a linha de Sintra tem 52 efectivos repartidos por cada turno de seis horas. Mais de 100 seria o ideal. Na prática, segundo o sindicato, existem quatro a seis polícias a rondarem comboios e estações de Entrecampos a Sintra. O número de agentes oscila conforme as baixas e as férias. Para o sindicato os comboios deviam de ter, no mínimo, oito agentes por turno.

Revisores acompanhados por polícias

Presente na conferência de imprensa esteve também a ASPP, Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, que vem denunciar a intenção da CP de colocar os agentes de autoridade a acompanhar as brigadas de revisores. «Se os agentes acompanharem sempre os revisores acabam por não estar a proteger os utentes», adiantou Nelson Brito da ASPP.

O dirigente sindical explica ainda que o maior problema está no tempo «perdido» nas identificações de utentes. A cada passagem dos revisores é normal serem detectados, entre 15 a 30 indivíduos, sem título de transporte. «Muitos destes, cerca de 80 por cento, não traz documentos, (por serem cidadãos estrangeiros e terem receio de transportar o passaporte), o que significa que têm que ser identificados», explicou.

A identificação é levada a cabo pelos agentes da PSP, que demoram «algumas horas» a tratar dos processos de «tantos» utentes. «O tempo passado a identificar é tempo que não se passa a patrulhar. Se os agentes passarem ainda mais tempo com os revisores, as agressões podem aumentar», disse Nelson Brito.

A ASPP solicita que haja um reforço de policiamento através dos gratificados para evitar que «para se tapar a cabeça não se destape os pés».

A CP contrapõe as afirmações dadas com números. Segundo a empresa em 2005 existiram menos 33 por cento de ocorrências. Este ano a tendência é a mesma, segundo fonte da CP.

A comissão de utentes e a ASPP rebatem estes dados alegando que a burocracia impede que se conheça a verdadeira dimensão dos crimes. A maioria das vítimas «não perde um dia trabalho para ir apresentar queixa à esquadra».
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