Pior da crise terá passado mas economia será afectada - TVI

Pior da crise terá passado mas economia será afectada

Consumidores em pânico

O pior da crise terá passado, mas as consequências são inevitáveis. Só no fim do próximo ano se poderá avaliar os estragos.

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Mesmo que o pior da crise nos mercados financeiros tenha passado, «haverá, lamentavelmente, consequências para os consumidores e quem comprou casa», confirma Matthew Cairns, economista principal da Moodys Economy.com para a Europa.

Os economistas ouvidos pelo «Diário Económico» são unânimes: no melhor dos cenários, em que a maioria prefere agora acreditar, o da normalização gradual dos mercados, a subida dos juros é um facto consumado e será sentida em 2008.

O dinheiro ficou e deve manter-se mais caro, mesmo que o Banco Central Europeu (BCE) não mexa nas taxas de juro durante muito tempo, como antecipam alguns especialistas.

Ao factor juros, acresce o factor euro. A apreciação da moeda europeia é potenciada pelas remunerações cada vez mais atractivas da zona euro, em detrimento da região do dólar, onde as taxas tenderão a cair mais.

Por enquanto, a Alemanha, maior exportador mundial, tem resistido, mas o incómodo é crescente, como demonstram as declarações do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, e de vários governantes europeus.

A correcção dos mercados financeiros ao longo das últimas semanas «pode ter sido exagerada, mas o mal está feito», sublinha João Duque, professor de Finanças do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

«O mundo mudou um bocadinho, quer queiramos quer não, mas os grandes riscos para as economias continuam em cima da mesa», observa Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, comentando as maiores exigências que, doravante, marcarão um simples acesso ao crédito ou a comercialização de produtos financeiros mais complexos.

Para o professor do ISEG, «é preciso ver que as notícias menos más, que indiciam o alívio dos mercados, dizem respeito às melhores empresas. Faltam todas as outras. Temos de esperar pelo final do ano para dizer se a crise acabou ou não».

O ano de 2008 será, pois, irremediavelmente mais difícil para quem já recorreu ou venha a precisar de crédito bancário. Sobretudo portugueses e espanhóis (famílias ou empresas), pois é aqui que o endividamento e a explosão do imobiliário assumem proporções mais dramáticas.
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