Aborto é «um atropelo de civilização» - TVI

Aborto é «um atropelo de civilização»

  • Portugal Diário
  • 16 jan 2007, 14:13

Cardeal-patriarca de Lisboa lembra que a alma está presente desde o primeiro momento do corpo

O cardeal-patriarca de Lisboa, D.José Policarpo, defendeu esta terça-feira que «uma lei que permita a destruição da vida humana é um atropelo de civilização, sinal de desvio preocupante no conjunto de valores éticos que são a base das sociedades humanistas, tão arduamente construídas ao longo de séculos».

Num texto divulgado esta terça-feira pela Lusa, e intitulado «Referendo: Sim ou Não», D.José Policarpo refere que a defesa e a protecção da vida são um valor fundamental na estrutura de uma sociedade justa, onde o valor da vida humana é o principal fundamento da dimensão ética que deve inspirar toda a convivência em sociedade.

Segundo D. José Policarpo, o facto de a Igreja Católica ser contra o aborto voluntário, em todas as circunstâncias, e devido à influência da doutrina da Igreja na definição dos parâmetros de moralidade, leva a opinião pública a considerar que esta disputa entre o «sim» e o «não» é um confronto entre a Igreja Católica e o resto da sociedade. Para o cardeal não parece que esta seja a maneira mais correcta de situar o problema.

Na opinião de D. José Policarpo, os autores e defensores da proposta legislativa que vai ser referendada a 11 de Fevereiro próximo encontram justificação para esta deriva cultural na possível dúvida sobre o momento em que começa a vida humana no seio materno. «É uma dúvida chocante, no actual estado dos conhecimentos científicos sobre a vida intra-uterina», defende.

Neste quadro civilizacional, acrescenta, defender o aborto voluntário «significa uma de duas atitudes: ou se duvida acerca do momento em que começa a vida humana, ou se tem uma atitude de desrespeito pela vida».

«A alma está presente desde o primeiro momento do corpo e exprime-se nele e através dele. A alma não habita o corpo, anima-o e humaniza-o. Será que os defensores do aborto são «escolásticos», do ponto de vista antropológico? Não deixa de ser curioso!», escreve.

«A partir do embrião, toda a especificidade de cada ser humano está definida. É possível identificar, desde logo, o código genético e as etapas do crescimento estão caracterizadas. É uma vida humana, desde o início. Apoiar-se no carácter incompleto de cada etapa do crescimento, para justificar a interrupção desse mesmo crescimento, é incongruente», refere.
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