Portugal deixa-se levar por «chinesices» - TVI

Portugal deixa-se levar por «chinesices»

  • Portugal Diário
  • 12 set 2007, 17:37
República Checa

Quem o diz é D. Januário. Dalai Lama não será recebido pelo Governo

D. Januário Torgal Ferreira faz coro com os críticos do Governo e da Presidência da República por não receberem o Dalai Lama, que hoje inicia uma visita de cinco dias a Portugal. Segundo o bispo das Forças Armadas, o Ocidente está «embriagado por chinesices» quando está em causa a defesa dos Direitos do Homem e considera o Dalai Lama uma «rara personalidade espiritual». Aliás, aos microfones da TSF, D. Januário comparou a luta de Dalai Lama à de D. Ximenes Belo pela independência de Timor e lamentou que o Ocidente «se deixe levar por chinesices».

O bispo das Forças Armadas junta-se assim às críticas que se têm ouvido de vários quadrantes políticos, nomeadamente do PS. Ana Gomes, eurodeputada socialista, disse esta quarta-feira à TSF que o Governo está a «ceder a pressões» da China para não receber o Prémio Nobel da Paz.

«Quem cede a pressões normalmente não é respeitado», sublinha a eurodeputada, que garante que outros países, «com mais relações comerciais do que o nosso», têm recebido o Dalai Lama: «presidentes da República, primeiro-ministros, ministros dos negócios estrangeiros¿ muitos países têm realizado cerimónias oficiais para este líder espiritual».

Em resposta às críticas de Ana Gomes, o ministro dos Negócios Estrangeiros garante que a decisão do Governo de não receber oficialmente o Dalai Lama foi assumida no contexto das boas relações com a China e não decorre de nenhuma pressão. «A posição portuguesa foi assumida com total clarividência quanto aos interesses [de Portugal] nesta matéria e sem nenhum pressão de nenhum governo», disse Luís Amado.

O próprio Dalai Lama, questionado na primeira conferência de imprensa, após a sua chegada a Portugal, frisou que quer criar embaraços. «Vejo esta questão sem problemas, pois onde vou, não quero criar embaraços. Onde vou, quero promover os valores humanos e a harmonia religiosa. E o governo em relação a isto pode fazer muito pouco». Não deixando qualquer dúvida sobre a sua posição, o Dalai Lama explicou o assunto aos jornalistas: «A minha visita não tem nada a ver com o governo. Esta não é uma visita política».
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