A «urgência» em travar as alterações climáticas em alerta na Culturgest - TVI

A «urgência» em travar as alterações climáticas em alerta na Culturgest

Glaciares (arquivo)

Começou o ciclo de conferências sobre desenvolvimento sustentável

As «Alterações Climáticas» foram o tema de abertura do ciclo de conferências «Um alerta global para o desenvolvimento sustentável», que todas estas terças-feiras do mês de Abril vão acontecer no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa. «Urgência é a palavra de ordem» foi o mote lançado por Fernando Faria de Oliveira, presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, a que os três oradores do dia responderam, quer de uma forma mais técnica, ideológica ou política.

António Gonçalves Henriques analisou o índice de qualidade global do planeta e, através da dimensão actual da «pegada ecológica» (índice que mede os recursos disponíveis no planeta para a população existente), alertou para a necessidade de «introdução de novas tecnologias» para «inverter a pressão sobre o planeta». O director geral da Direcção Geral do Ambiente apontou que «a pressão que se exerce sobre o planeta é hoje três vezes maior do que há 45 anos» e o ónus cai sobre a produtividade ecológica: «A partir de 1985 está a consumir-se mais do que se produz (o balanço ecológico, a pressão no planeta é na ordem dos 20 por cento).»

Convergência global

É o exemplo de que «a natureza já não nos oferece a sua riqueza», como disse Franklin Roosevelt citado por Viriato Soromenho-Marques. O coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente considera que já não se pode fugir à «dureza da realidade» quando vivemos em situação de «dissuasão climática» semelhante à «dissuasão pelo terror» da Guerra Fria. E reforçou: «As alterações climáticas são uma dívida ontológica que temos a obrigação de não passar para as gerações futuras.»

Que «podemos continuar a conviver com o planeta, mas em melhor convivência» é a convicção de Gonçalves Henriques desde que se consiga «eliminar o défice ecológico». É essencial reduzir a dimensão da pegada ecológica e, com a recuperação da capacidade ecológica do planeta, «melhorar o sistema produtivo, melhorar os padrões de consumo, controlar a população» e, depois, «proteger, gerir e recuperar os ecossistemas».

Acção imediata

Este é o «preço» a pagar para o engenheiro civil e com uma condição essencial: «Temos de intervir já!» Soromenho-Marques frisou que para recuperar a produtividade é necessário «voltar a convergir em comunidade» face às as alterações climáticas ultrapassando a «incapacidade actual para resolver os problemas». E se o professor de Filosofia e de Estudos Europeus retrata a crise ambiental como «diferente de todas as crises da humanidade» porque «é planetária», Nuno Lacasta reforça que «não há outro problema como este que exija tal envolvimento geopolítico».

O coordenador da Comissão para as Alterações Climáticas/Fundo Português de Carbono salientou, por isso, «o regresso dos EUA a este debate», pois não há tempo a perder. Apontando o mercado europeu de emissões de carbono como a principal política da União Europeia, Lacasta assumiu que este «é a principal ferramenta para reduzir emissões». O professor de Direito e Políticas de Ambiente diz que não se tem mais do que «um par de anos para definir» e «uma década para inverter» a pegada ecológica e alertou também ele que é «absolutamente necessário agir».
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