Poupança: ministro passa a vida a apagar luzes - TVI

Poupança: ministro passa a vida a apagar luzes

Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira - TIAGO PETINGA/LUSA

Ministro da Economia quer dar o exemplo e incutir uma cultura de poupança até nas pequenas coisas

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O ministro da Economia foi apanhado de surpresa pelo convite de Pedro Passos Coelho. «Sabia que o meu nome era falado», admite, «mas foi uma surpresa. Apenas havia falado com ele duas ou três vezes». Mas no seu discurso, percebe-se o porquê do convite feito pelo chefe do executivo.

Se o exemplo tem de vir de cima, este ministro dá-o. «Nos primeiros dias passava o tempo todo a apagar luzes. Não havia nenhuma consciência do dinheiro que se gasta desnecessariamente, em ar condicionado, luzes... Comecei a instaurar um espírito e um sentimento de rigor. Temos de comportar-nos como se fosse a nossa casa, sem desperdiçar», afirma numa entrevista ao espanhol «El País».

Esta cultura de poupança traduz-se, por exemplo, em manter os equipamentos de ar condicionado a 25º, menos luzes acesas, menos uso dos carros oficiais ao fim-de-semana e menos assessores.

O académico que não mudou de ideias depois de chegar ao Governo

Quando era apenas um académico, Álvaro Santos Pereira reclamava um corte de 5 a 10% nos consumos intermédios do Estado, aquisições e compras de bens e serviços. Agora que chegou ao Governo, diz que «a única grande surpresa que tive foi comprovar que, em alguns consumos intermédios, podemos ir além desta percentagem».

«O nosso Gabinete tem menos assessores e adjuntos que o Governo anterior, apesar de ter um Ministério muito grande. A nossa filosofia é contratar pessoas altamente eficientes e competentes e reduzir gastos. Dou-lhe um exemplo: tenho um secretário de Estado que perde 100 mil euros por ano, e está a trabalhar comigo. Está aqui porque acredita neste projecto».

O ministro tem na parede o calendário dos prazos para todas as medidas acordadas com a troika, que têm de ser aplicadas até ao final do ano. Junto a cada medida há um adesivo verde ou vermelho, consoante a prioridade. Um dos trabalhos em cima da mesa é a reavaliação das grandes obras públicas. A suspensão de algumas pode implicar a perda de fundos comunitários e abrir contencioso entre o Estado e as empresas.

Linha de mercadorias em vez do TGV

É o caso da ligação em alta velocidade entre Lisboa e Madrid. Questionado se não foi irresponsável anunciar a suspensão do projecto, o ministro não se fez rogado: «Irresponsável era fazer um projecto com premissas totalmente fora da realidade. Isso é não ter respeito pelo dinheiro dos contribuintes».

«Creio que é muito importante que Portugal e Espanha se empenhem num projecto que é fundamental para os dois países, e que é a construção de uma linha de mercadorias transfronteiriça que ligue a Península à Europa. Sou um defensor de uma linha de mercadorias que torne as nossas exportações mais competitivas», concluiu.
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