«A Europa enfrentou momentos inegavelmente difíceis estes anos. Estas crises trouxeram desafios sem precedentes e os primeiros testes substanciais a muitas estruturas do sistema europeu. Ainda assim, a Europa respondeu e recuperou de ameaças que pareciam existenciais em certas alturas», explicou o ex-presidente da Comissão Europeia, citado pela Lusa.
Durão Barroso falava na universidade de Princeton, em Nova Jérsia, onde é professor convidado até maio de 2016, numa palestra com o título «O Estado da União Europeia».
Admitindo que «o futuro da Grécia no Euro ainda é certamente uma preocupação», o responsável disse que «os problemas (que o país atravessa) hoje são mais causados por fatores políticos internos do que da Zona Euro».
A este propósito, Durão Barroso deu o exemplo de Portugal para mostrar como a união conseguiu «criar barreiras de proteção para proteger os países mais vulneráveis e impedir que as crises se espalhassem».
«Irlanda, Portugal e Espanha, por exemplo, terminaram todos os seus programas de ajustamento e alcançaram uma saída limpa, conseguindo financiar-se de novo através dos mercados», disse o português.
O responsável acrescentou que estes países, «apesar de terem realizado dolorosas reformas sociais e económicas, tiveram sucesso em restaurar a confiança e encontram-se hoje numa melhor situação financeira».
«Os custos de empréstimos para estes países estão hoje, aliás, bem abaixo dos níveis de crise e as taxas de juro são comparáveis as economias mais competitivas do mundo», acrescentou.
Segundo o político que liderou a Comissão Europeia entre 2004 e 2014, todos estes fatores permitem concluir que «a Europa continua a confundir os seus críticos».
Como desafios à união, enumerou fatores demográficos e de proteção social.
«A UE vai ter de lidar com os problemas que estão no centro da insatisfação dos seus cidadãos e resultam numa atração aos partidos extremistas. A demografia e o estado social são grandes desafios, porque uma população em envelhecimento pede simultaneamente mais benefícios e impostos mais baixos», explicou.
Durão Barroso vai ensinar política económica internacional durante três semestres na Escola de Assuntos Internacionais e Públicos Woodrow Wilson, que pertence à Universidade de Princeton.