CGTP: «Afirmação de Passos Coelho é criminosa» - TVI

CGTP: «Afirmação de Passos Coelho é criminosa»

Primeiro-ministro tinha aconselhado professores desempregados a emigrarem

Relacionados
As recomendações de Passos Coelho para os professores excedentários caiu mal na CGTP. «O que disse o primeiro-ministro é criminoso. Uma coisa é tratar-se da emigração, com as sensibilidades que o problema tem, à luz de uma realidade que é o país viver numa situação muito difícil e com muito desemprego. Outra coisa é a ligeireza e a forma simplista com que diz vão para fora», disse o secretário-geral, Carvalho da Silva.

Pedro Passos Coelho disse este domingo, em entrevista ao «Correio da Manhã», que os professores exedentários que queiram dar aulas, procurem emprego nos países de língua portuguesa, como Angola ou Brasil.

Carvalho da Silva argumentou, ainda, que este apelo tem reflexos negativos nos salários dos portugueses que trabalham no exterior.

«Vamos trabalhar mais um mês por ano»

Reunida três dias antes da próxima reunião de concertação social, a CGTP discutiu o aumento da carga horária para o sector privado e o corte de férias e dos feriados, medidas propostas pelo Executivo.

E apresentou as suas contas: com o aumento da carga horária, para mais meia hora, a eliminação de, pelo menos, 4 feriados e o corte no número de férias, de 25 para 22 dias úteis, os portugueses vão trabalhar mais um mês por ano.

«Trata-se de trabalho forçado», sintetizou o secretário-geral da CGTP, qualificando o aumento do horário de trabalho no sector privado como uma «medida indigna» e a redução do número de feriados como «extremamente gravosa».

Carvalho da Silva acusou o Governo de ter «argumentos frágeis» para justificar estas propostas, considerando que «com esta governação não vai ser possível» pôr o país a crescer. Novas medidas, mas com este Governo? «Só por milagre», respondeu Carvalho da Silva.

Em discussão na reunião de hoje estiveram também as alterações à atribuição do subsídio de desemprego, medidas que não satisfizeram os sindicalistas.

«Se, por exemplo, um trabalhador, com um salário de 1.000 euros, for despedido, ganha 650 euros de subsídio de desemprego. Mas, ao fim de seis meses, este subsídio é reduzido e para apenas 550 euros», explicou o líder da Intersindical.

E como, segundo as regras actuais, o desempregado terá de aceitar uma oferta de trabalho com um ordenado similar ao valor do apoio social, neste caso «o trabalhador terá de aceitar um emprego com um salário de cerca de metade do ordenado que ganhava antes».

Já sobre a redução das reformas - que Passos Coelho já admitiu um corte para metade nas próximas duas décadas -, o líder da CGTP é claro: «Trata-se de um processo contra o sistema público, universal e solidário da Segurança Social».

Por isso, Carvalho da Silva admite que «todos os actos individuais e colectivos são necessários» para travar estas medidas. Mas admite uma nova greve geral para os próximos meses? «Não sei», respondeu Carvalho da Silva, reafirmando, no entanto, a importância de «todas as formas de luta sem contenção».

Para já, a CGTP tem mantido reuniõs bilaterais com as confederações patronais e com a UGT. Depois do Natal, será a vez da CIP - Confederação Empresarial de Portugal. Já uma reunião entre patrões e sindicatos sentados à mesma mesa não está nos planos de Carvalho da Silva: «Só se for para um festival de desafinação».
Continue a ler esta notícia

Relacionados