Ministro: PSD com «mutismo ensurdecedor» na hora de cortar despesa - TVI

Ministro: PSD com «mutismo ensurdecedor» na hora de cortar despesa

Eduardo Catroga (lusa)

Teixeira dos Santos diz que PSD só fez propostas simpáticas e populares

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O ministro das Finanças acusou esta quarta-feira o PSD de não ter coragem na hora de apresentar medidas concretas para cortar a despesa do Estado, no âmbito das negociações sobre o Orçamento para 2011.

Falando na comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, Teixeira dos Santos afirmou que «o Governo apresentou medidas para cortar a despesa. Não são medidas fáceis nem populares, mas assumimo-las e demos a cara por elas». Num claro recado ao PSD, acrescentou ainda que «muitas pessoas têm defendido mais corte da despesa, mas não ouvi nenhuma proposta concreta. O PSD tem sido de um mutismo ensurdecedor na hora de apresentar propostas para cortar a despesa».

«Cerca de 75% da despesa corrente do Estado diz respeito a salários e prestações sociais. Nós cortamos nos salários e nas prestações. O PSD já se pronunciou sobre isso? Não. Silêncio no PSD. É preciso ter coragem para dizer sim ou não. Não vejo essa coragem», acusou.

Esta foi a resposta ao deputado Duarte Pacheco, do PSD, que considerou que o OE2011 é «mau três vezes», por ser «pouco transparente, afundar o país na recessão e ser um corolário de políticas erradas».

«Não espero que os portugueses gostem destas medidas»

«Não espero nem tenho a ilusão que os portugueses, na sua generalidade, gostem das medidas deste Orçamento. Não são medidas populares», admitiu, acusando o PSD de utilizar a estratégia oposta e de só ter feito «propostas simpáticas e populares, de ganho fácil na opinião pública», sem apontar formas de «compensar a deterioração que essas medidas causam nas finanças públicas».

Admitindo que as medidas previstas na proposta de Orçamento são «difíceis» e que «impõem sacrifícios a todos os portugueses», o ministro voltou a culpar a crise internacional «sem precedentes no mundo», uma crise que «o PSD, em constante estado de negação» insiste em ignorar.

O governante lembrou ainda as dificuldades de financiamento da economia portuguesa, que é importante ultrapassar rapidamente, o que «exige um orçamento credível e sério».

«Os submarinos não são nucleares nem andam à vela»

Depois de o PSD ter proposto cortes nos consumos intermédios do Estado, o ministro fez questão de lembrar os social-democratas que essa despesa é feita em «hospitais, centros de saúde, refeições em prisões, nas escolas, nas creches, comunicações, combustível para que as forças armadas e de segurança funcionem».

«O PSD fala nos carros e em combustíveis e eu pergunto quem terá gasto mais com isso, nós ou o PSD? Em viaturas, posso assegurar que poupamos dezenas de milhares de euros, porque estamos com um rácio superior a um por três, um caro novo a substituir mais de três viaturas abatidas», garantiu.

Em resposta à interpelação do PSD, o ministro foi irónico: «O senhor deputado fala-me em combustíveis? Os submarinos que vão começar a funcionar para o ano não são atómicos nem andam à vela. Usam combustível», lembrou.

Ministro admite: «É verdade que fui intransigente»

O ministro das Finanças admitiu ter sido «inflexível» nas negociações com o PSD sobre o Orçamento do Estado para 2011.

«É verdade que fui inflexível. Se há matéria em que eu sou inflexível é na necessidade de cumprirmos a meta de défice orçamental de 4,6% no ano que vem», afirmou perante a comissão parlamentar de Orçamento e Finanças. «Não permito que nada ponha isso em causa, é um desafio que temos de vencer, a bem da economia e do país».
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