«Queremos que outros sigam a Jerónimo Martins» - TVI

«Queremos que outros sigam a Jerónimo Martins»

Farc libertam reféns

Colômbia apostada em captar mais empresas nacionais

«Queremos que outros sigam a Jerónimo Martins»

Depois de ter captado a atenção (e o investimento) da Jerónimo Martins, a Colômbia quer mais empresas portuguesas. Mas esta relação funciona nos dois sentidos e o Governo colombiano garante que existem várias empresas colombianas interessadas em Portugal.

O ministro do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Sergio Díaz Granados, quer intensificar as relações entre Portugal e o seu país, admitindo que este poderá ser um ano marcado pelo anúncio de mais investimentos portugueses na Colômbia e aumento das trocas comerciais. E olha para a aposta da Jerónimo Martins como uma boa rampa de lançamento, num mercado mais seguro e em crescimento económico.

Em entrevista ao «Público», o ministro colombiano diz que, «nos últimos 30 anos a Colômbia passou de um país com uma média de rendimentos médios- baixos a uma média de rendimentos altos e essa transformação na economia e na distribuição da riqueza fez crescer o número de consumidores, o que gera mais oportunidades».

Esta é a terceira vez que Sergio Granados vem a Portugal na qualidade de ministro para estreitar as ligações entre os dois países. «E sei que não será a minha última viagem. Portugal vai ser uma paragem obrigatória para o Governo colombiano, porque as relações entre os dois países vão crescer».

O governante colombiano esteve reunido com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e acredita que os dois países estarão cada vez mais ligados. Este ano deverá haver avanços no tratado de livre comércio entre a União Europeia, a Colômbia e o Peru, podendo Portugal ser beneficiado. Adicionalmente, já tinha sido decidido que os dois países vão abrir delegações dos organismos de promoção de exportações e investimentos [AICEP e a Proexport] em Lisboa e em Bogotá.

«No ano passado, as importações de produtos portugueses pela Colômbia cresceram 130%, embora a base fosse muito baixa. Mas mostra que há um enorme potencial. E há sectores que estão a crescer, como a construção, as infra-estruturas, que estão a dinamizar a economia colombiana, e nos quais Portugal tem empresas muito boas e inovadoras», diz.

A Jerónimo Martins escolheu a Colômbia como o próximo mercado, depois da Polónia. E as razões, são várias, segundo Sergio Granados: «A Colômbia tem um conjunto de incentivos que promovemos juntos dos países, como a estabilidade jurídica, a facilidade em fazer negócios, o desenvolvimento de fornecedores internos, e para a produção de bens há zonas especiais no país com menos impostos. Julgo que, para um sector como o comércio, o principal atractivo é o facto de termos uma economia jovem, que se está a expandir e tem mais poder de compra. Essa iniciativa [da Jerónimo Martins] vai servir para levar produtos de Portugal para a Colômbia e permitir à Colômbia melhorar os seus produtos e levá-los a outros mercados. Queremos que o investimento que a Jerónimo Martins anunciou sirva como ponta de lança para que outras empresas portuguesas possam investir na Colômbia e que funcione também para os exportadores portugueses encontrarem o mercado colombiano. A empresa sabe o que é que os consumidores necessitam, conhece os fornecedores portugueses e irá conhecer os fornecedores colombianos, pelo que poderá integrar essas ofertas, em benefício dos dois países».

A Colômbia ainda está longe de ser o paraíso, mas evoluiu muito na última década. O desemprego e a pobreza continuam elevados, mas a cair a pique. «Em 2000 ninguém nos emprestava dinheiro, mas actualmente colocamos dívida no mercado financeiro a taxas de juro mais baixas do que a França, Espanha ou Portugal, e temos uma dívida pública, em percentagem do PIB, de cerca de 40%».

No regresso, o ministro leva na mala mais intenções de investimento português. «Tenho boas notícias, mas terão de ser as empresas a revelar. O meu instinto diz-me que haverá muito mais investimento português na Colômbia este ano, e também presença da Colômbia em Portugal».
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