Banco Mundial antecipa recessão na Zona Euro - TVI

Banco Mundial antecipa recessão na Zona Euro

Agência Financeira

Instituição corta previsões de crescimento para países desenvolvidos. E região que partilha moeda única não escapará à recessão

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O Banco Mundial caiu no pessimismo. A instituição reviu esta quarta-feira em baixa as suas previsões de crescimento económico para os países desenvolvidos, antecipando mesmo uma recessão de 0,3% na Zona Euro, numa conjuntura de abrandamento global. As bolsas logo se ressentiram, assumindo um sobe e desce constante.

O relatório das Perspectivas Económicas Globais 2012, intitulado «Incertezas e Vulnerabilidades», prevê um crescimento de 1,4% nos países ricos este ano, 1,3 pontos percentuais abaixo das anteriores previsões do Banco Mundial.

E, pior, em vez de um crescimento de 1,9%, o PIB da Zona Euro vai sofrer uma contracção de 0,3%.

Os economistas do Banco Mundial antecipam ainda um crescimento de 5,4% nos países em desenvolvimento, abaixo dos 6,2% previstos em Junho.

A economia mundial deverá assim crescer 2,5% em 2012 e 3,1% no próximo ano.

Alerta: preparar para o choque

O relatório recomenda que os países em desenvolvimento se preparem para «riscos adicionais desfavoráveis», devido à instabilidade na Zona Euro e à redução do crescimento nas grandes economias emergentes.

«Os países em desenvolvimento precisam avaliar as suas vulnerabilidades e preparar-se para outros choques enquanto houver tempo», refere, na apresentação do relatório, o Economista-Chefe do Banco Mundial, Justin Yifu Lin, citado pela Lusa.

O relatório alerta ainda que os países em desenvolvimento dispõem de menos espaço orçamental e monetário para medidas correctivas do que tinham em 2008-2009, e que por isso a sua «capacidade de responder pode ser limitada se o financiamento internacional se retrair e as condições globais sofrerem brusca deterioração».

Hans Timmer, Diretor de Perspectivas do Desenvolvimento do Banco Mundial, afirma que os países em desenvolvimento devem «pré-financiar défices orçamentais, dar prioridade à despesa em redes de segurança social e infraestrutura, bem como submeter os bancos domésticos a um teste de resistência».

Indicadores a ter em conta

Segundo a instituição financeira internacional, o arrefecimento do crescimento está já a reflectir-se no enfraquecimento do comércio global e nos preços dos produtos básicos.

As exportações globais de bens e serviços cresceram 6,6% em 2011 menos 12,4 pontos percentuais do que no ano anterior, e deverão continuar a abrandar, para mais 4,7% este ano.

Os preços globais da energia, metais e minérios, bem como de produtos agrícolas caíram 10%, 25% e 19%, respectivamente, desde picos recentes em 2011.

Crise está a ter repercussões noutros países

O países em desenvolvimento estão a sofrer os efeitos da crise financeira, tendo os spreads sobre a dívida soberana aumentado em média 45 pontos básicos e os fluxos de capital bruto caído para 170 mil milhões de dólares, na segunda metade de 2011, de 309 mil milhões no mesmo período em 2010.

No Leste da Ásia e Pacífico, o crescimento deverá abrandar dos 8,2% no ano passado para 7,8% este ano, e no caso da China de 9,1% para 8,4%.

No sul da Ásia, que inclui a Índia, a redução do crescimento do PIB é de 0,8 pontos percentuais, para 5,8%, enquanto na América Latina e Caribe, o crescimento deverá atingir 3,6% este ano, menos 0,6 pontos percentuais.

África acelera crescimento

A África Subsaariana é uma excepção, com o crescimento a escalar de 4,9% em 2011 para 5,3% este ano.

A impulsionar este dinamismo estão «maiores influxos de investimento, maiores gastos dos consumidores e o surgimento de novas exportações de minérios em vários países».

Angola, por exemplo, deverá crescer 8,1% este ano e 8,5% no próximo, acelerando em relação aos 7% do ano passado. Moçambique vai crescer 7,6% este ano e 8,5% no próximo.

Cabo Verde vai expandir-se 6,4% em 2012 e 6,6% no próximo ano, enquanto a Guiné-Bissau deverá atingir um crescimento de 5% em 2013 e 4,7% este ano.
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