BdP: vamos enfrentar maior custo de vida com menos dinheiro - TVI

BdP: vamos enfrentar maior custo de vida com menos dinheiro

Rendimentos caem, crédito fica ainda mais difícil, desemprego aumenta e custo de vida dispara

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O Banco de Portugal (BdP) alerta para uma deterioração do nível de vida dos portugueses até 2013. No Boletim Económico de Verão, além de esperar um forte aumento da inflação este ano (3,4%), a instituição antecipa uma redução permanente do rendimento das famílias.

O aumento dos preços, que deverá depois desacelerar em 2012 para 2,2%, fica este ano a dever-se sobretudo às medidas de austeridade, nomeadamente ao aumento de impostos em várias frentes, bem como à subida da cotação do petróleo.

Condições mais severas que os portugueses vão ter de enfrentar com menos dinheiro na carteira. Daí que o Banco de Portugal aponte também para uma forte queda do consumo privado.

«A queda projectada para o consumo privado encontra-se globalmente em linha com a evolução do rendimento disponível real, sendo consistente com a expectativa de uma redução permanente do rendimento no horizonte de projecção, o que deverá condicionar de forma muito significativa as restrições orçamentais (...) das famílias», explica.

O BdP explica que «a evolução muito marcada do rendimento disponível reflecte em larga medida o impacto de medidas de consolidação orçamental», como o corte das remunerações no sector público, bem como «um crescimento muito moderado das remunerações no sector privado».

Tudo isto é agravado por um contexto de aumento do desemprego: «A situação no mercado de trabalho deverá também condicionar a evolução do consumo privado ao interagir com a deterioração das expectativas dos agentes económicos quanto à evolução do rendimento e da riqueza futuros. A evolução projectada deverá traduzir-se no início do processo de restruturação dos balanços das famílias, num contexto de agravamento das condições de financiamento». O BdP espera quedas anuais do emprego na ordem dos 1,1 e 0,9%, em 2011 e 2012, respectivamente.

A este cenário há ainda a juntar as crescentes dificuldades de acesso ao crédito. Por tudo isto, a instituição aponta para «uma redução muito acentuada» na compra de bens duradouros, como os carros e os electrodomésticos.

Mas nem os bens do dia-a-dia vão escapar à contenção. Mesmo nos bens perecíveis, como os alimentos, o BdP espera uma quebra do consumo, embora mais moderada.

No Boletim, o BdP revê as suas previsões para a economia nacional e aponta agora para uma recessão ainda mais profunda.
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