É, pelo menos para já, um projecto-piloto. E chegou para fazer tremer as grandes superfícies e operadores independentes que «roubaram» grande parte do mercado às gasolineiras tradicionais. A Galp acaba de criar o seu primeiro posto de combustível de baixo custo, em Setúbal.
O primeiro, de uma rede chamada Galp Base, onde vão ser «vendidos combustíveis base sem qualquer aditivo». Tal como acontece nas gasolineiras dos hipermercados. Nestas, a política é de preços baixos, mas por uma questão meramente estratégica: fidelizar os clientes ao negócio principal, de distribuição alimentar.
«A alteração do mercado, em que se verifica que há uma apetência forte dos consumidores relativamente a ofertas exclusivamente relacionadas com preços mais baixos», sobretudo em altura de crise, deu origem a esta iniciativa low cost por parte da Galp, explicou à Agência Financeira fonte oficial da petrolífera, depois de a «TSF» ter avançado com a notícia.
E, como se trata de um posto «sem serviços adicionais [como, por exemplo, a loja de conveniência], o investimento é mais baixo; daí poderem ser praticados preços também eles mais baixos, mas que não substituem os serviços de qualidade da rede normal».
Se a experiência resultar, «veremos se vale a pena dinamizar» este conceito. O Automóvel Clube de Portugal já se congratulou com a medida: a Galp vem «dar razão ao ACP» que «sempre se bateu contra a exorbitância dos preços dos combustíveis praticados em Portugal».
A Cepsa e a Repsol ainda não aderiram ao low cost. Mas a Repsol garantiu à AF que «acompanha e continuará a acompanhar as diferentes iniciativas comerciais que se desenvolvem no mercado».
Grandes superfícies ganham dimensão. Porquê?
A entrada da Galp na corrida do baixo custo surge precisamente numa altura em que os grupos de distribuição e os operadores independentes detêm já um quarto do mercado de combustíveis a nível nacional.
Só grandes superfícies como Jumbo, Os Mosqueteiros, Pingo Doce e Leclerc agarram já 15% do mercado, segundo o «Diário Económico».
E é no preço que está a chave desta expansão. Mas como conseguem vender tão barato? «O investimento inicial é bastante mais reduzido num posto de hipermercado do que num posto de marca»: tanto em termos do custo do terreno, com lotes negociados e com preços não tão inflacionados, como na estrutura do mesmo, já que «é mais simples, não tem loja ou espaço de lavagem», explicou à AF o secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), António Comprido.
Mas há ainda mais razões: para além da inexistência de produtos complementares, os custos com pessoal são menores; e porque este «é apenas mais um produto que as grandes superfícies juntam ao seu negócio principal e conseguem, com margens reduzidíssimas, sobreviver». É que os postos de combustível funcionam como «pólo de atracção, de gerador de tráfego para a actividade principal da cadeia de distribuição».
Qualidade do combustível: é mais baixa ou é mito?
Há quem diga que os combustíveis vendidos nos hipermercados não têm qualidade, mas pelo menos fazem os carros andar. Mas a verdade é que «os combustíveis que se vendem em Portugal, em qualquer posto devidamente licenciado, têm a qualidade mínima exigida pelas normas europeias e portuguesas».
Só que nos postos de marca os combustíveis vêm com aditivos, o que não acontece nas grandes superfícies, e isso «melhora a performance dos motores, o seu desempenho e longevidade».
Diferença de preços é assim tão grande?
Os preços praticados nas grandes superfícies são «10 a 12 cêntimos mais baratos». Mas, diz a Apetro, «na prática a diferença não é dessa ordem de grandeza, porque noutros postos as pessoas têm descontos, ou porque têm cartão de frota ou cartão de fidelização de cliente».
Galp abre guerra aos «hipers» com gasolina mais barata. Concorda?
- Redação
- Vanessa Cruz
- 6 set 2010, 14:58
Projecto-piloto foi implementado em Setúbal. Se resultar, pode ser alargado a outras zonas do país. E o leitor, concorda com esta medida? Acha que devia ser seguida pelas outras gasolineiras? Deixe-nos a sua opinião
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