Vinho de qualidade: baixo risco, alto retorno - TVI

Vinho de qualidade: baixo risco, alto retorno

Vinho

Ganhos médios de 15% ao ano tornam bebida num bom investimento para contornar a crise

Na actual crise, caracterizada pela volatilidade dos mercados bolsistas, os investimentos alternativos podem ser uma boa defesa. O vinho é um deles e, para quem é apreciador, permite aliar uma paixão a um negócio que pode ser muito rentável.

O investimento em vinho de alta qualidade está em forte expansão a nível mundial e vale já 3,7 mil milhões de libras (quase 4,3 mil milhões de euros), segundo dados fornecidos à Agência Financeira pela Vino Invest, uma empresa de origem portuguesa mas sediada em Londres, que se dedica ao investimento neste néctar. Em 2001 existiam apenas cinco ou seis fundos de investimento em vinho a nível mundial, e actualmente são já mais de 20.

Este é um investimento relativamente seguro, desde que se conheça bem o mercado, uma vez que o valor das garrafas de vinho raramente regista grandes oscilações. Aliás, nos últimos anos, os vinhos de alta qualidade registaram uma valorização média anual de 15%, disse o presidente da Vino Invest, Paulo Martins, à Agência Financeira.

Além disso, lembra, «é um investimento num bem físico. Mesmo que o valor da garrafa se altere ou que as empresas deixem de existir, a garrafa continua a existir e, salvo raras excepções, ela volta a valorizar. Há séculos que é assim, que o vinho se valoriza com o passar do tempo».

Rentabilidade chega a ultrapassar os 250%

No que se refere à carteira de investimentos da empresa, nos últimos três anos, obteve uma rentabilidade média de 90%. O pior retorno obtido no mesmo período, de Maio de 2006 a Maio deste ano, foi de 8,87%. O maior, atingido pelo Lafite Rothschild de 1982, foi de 267%.

Vinhos de qualidade: conservar o valor

Um truque que torna este negócio ainda mais seguro e rentável é seguir as opiniões dos especialistas. «Muitas pessoas cometem o erro de investir nos vinhos de que gostam mais. O critério não é esse, e sim apostar nos vinhos com melhor classificação entre os gurus internacionais, porque são estes opinion makers que influenciam o valor dos vinhos», refere.

Melhores apostas estão em Bordéus e Borgonha

A origem é um factor importante. Os vinhos apontados como melhores investimentos são de Bordéus ou Borgonha, que têm registado as maiores valorizações. Mas, mesmo ali, nem tudo interessa.

«A região de Bordéus tem 13 mil produtores e nós só trabalhamos com uma pequena parte. Tem de ser um chateau com grande historial (salvo raras excepções) e um historial de crescimento financeiro. A colheita também tem de ser boa. Nem todas as colheitas de um chateau conceituado interessam», exemplifica.

As excepções a que Paulo Martins se refere são alguns chateaux da margem direita do rio Gironde na região de Bordéus, como o Le Pin, Cheval Blanc e Petrus, que adquiriram status no mercado apenas nos últimos 30 a 40 anos, por oposição a muitos da margem esquerda, com séculos de história.

Não dispense os conselhos dos especilistas

Comprar o vinho certo na altura certa é muito importante, porque há alturas em que dois vinhos com igual qualidade apresentam grande discrepância de preços, ou seja, há um que está subvalorizado. «Por exemplo, agora não é uma boa altura para comprar Lafite Rothschild 1982. Este vinho está a ser transaccionado a valores muito elevados (25 mil libras a caixa de 12 garrafas) e a sua classificação foi revista em baixo pelo guru Robert Parker, de 100 para 97 pontos. E há outro vinho, o Chateau Latour de 1982, que manteve os 100 pontos e que está a ser negociado a 15 mil libras a caixa. Claramente, este tem um maior potencial de valorização», explica.

Os especialistas são o melhor guia para. Aconselham investimentos a pelo menos três anos e com pelo menos cinco mil euros. Os vinhos com maior durabilidade (que podem ser bebidos várias décadas depois de atingirem a maturidade) são apostas mais seguras.
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