Oposição acusa agências de rating de ataque especulativo ao euro - TVI

Oposição acusa agências de rating de ataque especulativo ao euro

Pedro Passos Coelho diz que reunião com Sócrates esta quarta-feira visa discutir «ataque especulativo» à dívida portuguesa

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O Bloco de Esquerda (BE) entende que as agências de rating estão «a servir para um ataque especulativo ao euro», o que exige de Portugal e da União Europeia (UE) «políticas concertadas» de combate à crise.

A agência de notação financeira Standard&Poor's cortou esta terça-feira em dois níveis o rating de longo prazo da dívida portuguesa de A+ para A-, numa altura em que a pressão sobre a dívida portuguesa faz subir os juros e penalizar a bolsa.

O deputado bloquista, José Gusmão, afirmou à agência Lusa que este «ataque especulativo» está «nesta fase focado na dívida pública portuguesa», o que «exige de Portugal e da UE políticas concertadas contra à crise, que promovam o crescimento e a criação de emprego».

Para José Gusmão, estes aspectos são «a única condição para a sustentabilidade das contas públicas no médio prazo». Aliás, o BE defende «a criação de uma agência de rating europeia pública», que «é a única forma de a UE se defender de ataques especulativos que irão continuar enquanto não houver medidas coordenadas ao nível da UE a este respeito», argumentou.

PSD diz que Portugal «está longe» da Grécia

Também o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, garantiu que vai discutir medidas de combate ao «ataque especulativo» que a dívida portuguesa está a ser alvo na reunião marcada para quarta-feira com o primeiro-ministro.

A realização do encontro já foi confirmada por fonte oficial do Governo. O encontro decorrerá às 11h30 na residência oficial do primeiro-ministro.

Durante a inauguração da nova sede da distrital de Lisboa do PSD, Pedro Passos Coelho referiu que «desde sexta-feira a dívida soberana portuguesa tem vindo a ser alvo de um ataque especulativo enorme». Frisou que, na sua opinião, «Portugal não é a Grécia e não está a caminho da Grécia».

No entanto, defendeu que em vez de amaldiçoar as agências de rating, Portugal deve «mostrar um compromisso o mais robusto possível para que os objectivos que traçou da redução do défice, da consolidação das contas públicas e de diminuição da dívida externa portuguesa possam parecer aos olhos dos investidores e perante os mercados objectivos atingíveis».

CDS-PP: será necessário orçamento rectificativo?

Já o CDS-PP reagiu sem surpresa à decisão da Standard&Poor's de cortar nos níveis de rating portugueses, recordando que «infelizmente» já tinha antecipado este cenário e que é «evidente» que será necessário um orçamento rectificativo.

No Parlamento, a deputada Assunção Cristas disse aos jornalistas: «Infelizmente, para o CDS e para todo o país, isto não é novidade. Nós dissemos na altura do Orçamento do Estado que o orçamento era curto na compressão da despesa e apresentámos várias propostas no sentido de cortar mais na despesa».

A deputada democrata cristã deu como exemplos de sectores em que se pode cortar o consumo intermédio da administração pública e o Rendimento Social de Inserção. «Dissemos também que o Orçamento não dava sinais muito claros no que diz respeito ao endividamento e propusemos a paragem das grandes obras públicas, como o TGV e o aeroporto.

PCP fala em política de desastre

Por seu turno, o líder do PCP, Jerónimo Sousa avisou o Governo, esta terça-feira, de que o PCP «não vai ficar quieto e calado, enquanto mantiver uma política de caminhada para o desastre».

«Contem com o PCP para uma outra política que transforme este país para melhor», afirmou, em declarações aos jornalistas, avisando que, «se não for assim, não contem com os comunistas», disse em Braga.

Questionado acerca do apelo feito pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira para que os partidos se unam face a um alegado ataque a Portugal das agências de notação financeira, Jerónimo Sousa comentou: «isso não é pedir apoio, é pedir ao PCP que siga de forma acrítica, quieto e calado perante as injustiças do PEC e perante os maus resultados que são previsíveis».
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