Berlim tem de se responsabilizar pelas dívidas dos outros? - TVI

Berlim tem de se responsabilizar pelas dívidas dos outros?

Chanceler alemã, Angela Merkel

Conselheiro económico do governo de Angela Merkel acredita que esta é a única maneira de salvar a moeda única

A Alemanha terá de se responsabilizar pelas dívidas de outros países da moeda única, para evitar que o euro fracasse. A opinião é de Christoph Schmidt, membro do quinteto de conselheiros económicos do governo alemão (os chamados Cinco Sábios), em entrevista à edição eletrónica do semanário «Die Zeit», publicada esta segunda-feira.

Para Schmidt, é fundamental criar um fundo de amortização das dívidas soberanas acima dos 60 por cento do Produto Interno Bruto, a suportar por todos os países da zona euro, uma proposta já feita no outono pelos Cinco Sábios.

«Até agora, não ouvi nenhuma proposta melhor, o Banco Central Europeu tem injetado mais liquidez para que a união monetária não se desmorone perante as pressões dos mercados sobre a Itália e a Espanha, mas a longo prazo isso não é solução», disse o diretor do Instituto de Pesquisa Económica da Renânia-Westfália (RWI) ao «Die Zeit».

«Esta é a nossa proposta para quebrar o gelo e estabelecer uma ponte, mas claro que um tal pacto teria de ser negociado».

O professor de economia contrariou também os que na Europa pensam que «tudo ficaria bem de um dia para o outro», com a emissão de euro-obrigações, títulos conjuntos da dívida pública.

Por outro lado, na Alemanha «muitos têm a ilusão de que a crise se resolve com mais dureza e regras mais restritas face aos países do Sul, mas nenhum destes extremos conduzem ao objetivo».

O professor alemão rejeitou ainda que o debate atual entre os que exigem mais austeridade e os que querem mais apoios financeiros à conjuntura.

«O conflito atual deve-se, sobretudo, à defesa de interesses nacionais, o que é coisa bem diferente», sublinhou Schmidt, constatando ainda que, desde o último outono, a Europa «limitou-se a ganhar tempo, mas não fez muita coisa» para debelar a crise.
Continue a ler esta notícia