Austeridade: terapia de choque é pior para quem? - TVI

Austeridade: terapia de choque é pior para quem?

Meio milhar de pessoas desceu este sábado a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para protestar contra o FMI sob o lema «Democracia Verdadeira, Já»

Classe média, funcionários públicos e reformados são os mais afectados pelas medidas

Uma terapia de choque. A austeridade que vai marcar o ano de 2012 vai ser pior sobretudo para a classe média. As medidas do Orçamento do Estado para o próximo ano afectam depois, também, os funcionários públicos e os reformados, revela um estudo de mercado da Deloitte. A função pública vai perder até 30% do seu rendimento e o privado teme ir pelo mesmo caminho.

«Quando os funcionários públicos e pensionistas vão ficar sem subsídio de férias e de Natal, não podemos fugir da ideia que estes são quem está a fazer o maior sacrifício», disse à Lusa Miguel Leónidas Rocha, partner da Divisão de Consultoria Fiscal da Deloitte em Portugal, a propósito do estudo de mercado «Orçamento do Estado 2012 - A importância de saber».

Mais de metade dos inquiridos (52%) considera que o seu rendimento disponível será afectado «em larga escala» e que os grupos afectados serão a classe média e os funcionários públicos.

No primeiro caso, «as deduções de despesas no IRS basicamente desaparecem, à semelhança dos benefícios fiscais, que acabam por ser cada vez menores».

Perante este impacto negativo nos rendimentos dos trabalhadores, na sequência das medidas previstas no Orçamento, a esmagadora maioria dos inquiridos (86%) considera que a situação financeira do seu agregado familiar vai piorar no próximo ano e, para fazer face à diminuição do rendimento disponível, 79% propõe-se reduzir o padrão de consumo.

Palavra de ordem: poupar

O enfoque dos portugueses no próximo ano será destinado à aquisição de bens essenciais. Poupar é a palavra de ordem: as famílias vão restringir o consumo de refeições fora de casa e vão optar por comprar em cadeias de desconto, revela o mesmo estudo.

São os agregados com maiores rendimentos anuais (superiores a 60 mil euros) quem admite reduzir o padrão de consumo, perante a possibilidade de menores rendimentos em 2012.

Sobre qual a medida de IRS com maior impacto no rendimento disponível dos portugueses, os inquiridos consideram que a que terá maior expressão é a criação da taxa adicional de 2,5%, seguida da redução das deduções com saúde e imóveis.

A informação foi recolhida entre os dias 4 e 9 de Novembro deste ano, junto de um universo constituído por indivíduos com 18 ou mais anos de idade, residentes na Região da Grande Lisboa e do Grande Porto, com acesso à Internet. A amostra é constituída por 712 indivíduos.
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