Bagão Félix critica «aumento brutal de impostos» - TVI

Bagão Félix critica «aumento brutal de impostos»

Bagão Félix, ministro à época dos relatórios

Ex-ministro alerta para falha na solidariedade do Estado para com pessoas e empresas que «tem de ser combatida»

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O antigo ministro das Finanças, Bagão Félix, defende que o «aumento brutal de impostos» em Portugal é revelador de uma falha na solidariedade do Estado para com as pessoas e empresas que tem de ser combatida.

«Não podemos, quando reduzimos a despesa, cortar naquilo que é a essência da vida das pessoas e manter absolutamente incólume o aparelho do Estado», sublinhou Bagão Félix, ao considerar que se a crise actual constitui «uma dificuldade é também uma oportunidade».

Em declarações aos jornalistas, antes de uma conferência sobre solidariedade que marcou o arranque das festas do Espírito Santo de Ponta Delgada, o antigo ministro acrescentou que, funcionando como o «verdadeiro imposto», a despesa não é toda igual.

«Uma coisa é despesa social - aquela que se faz com desempregados, com reformados, com os doentes - e outra é a despesa do aparelho do Estado, que, por vezes, tem institutos a mais, empresas públicas a mais, conselhos de administração excessivos, vícios de contratação», considerou o responsável, citado pela Lusa.

«Gastam o que não podem»

Além de insistir na necessidade da manifestação da solidariedade de um Estado que se deve «dar ao respeito», sendo «contido e austero», o ex-ministro alertou para a necessidade no cenário actual de um comportamento solidário «de baixo para cima e não de cima para baixo».

«A certa altura, as pessoas começaram a pensar que a solidariedade passou a poder ser dispensada porque o Estado providenciava tudo, a solidariedade foi de algum modo nacionalizada», sustentou, insistindo na importância de um comportamento solidário entre gerações.

Para Bagão Félix, «uma das grandes falhas das sociedades contemporâneas é a diluição da solidariedade entre as diferentes gerações, entre os mais novos e os mais velhos».

«Os mais velhos, por vezes, gastam o que não podem, passando os encargos para as gerações que hão de vir, e as gerações mais novas, por vezes, desperdiçando a sabedoria dos mais velhos e dos que têm uma vivência a dar e a partilhar», advogou.
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