Tsipras: «Não haverá quaisquer medidas de austeridade adicionais» - TVI

Tsipras: «Não haverá quaisquer medidas de austeridade adicionais»

Alexis Tsipras [LUSA]

Primeiro-ministro da Grécia recusou esta sexta-feira medidas de austeridade adicionais

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O primeiro-ministro da Grécia recusou esta sexta-feira medidas de austeridade adicionais e disse que os parceiros europeus concordaram que não cabe a este Governo executar reformas acordadas pelo anterior executivo mas elaborar as suas próprias.

Segundo Alexis Tsipras, na minicimeira de quinta-feira à noite com alguns líderes europeus, questionou-os «diretamente» sobre se esperavam que o seu Governo concluísse a quinta avaliação do programa de resgate e que implementasse medidas que o anterior Governo não conseguiu e, acrescentou: "A resposta foi não".

Por isso, disse o primeiro-ministro grego, o acordado foi que não cabe ao atual Governo executar medidas acordadas no passado (entre estas estão o aumento do IVA dos hotéis, congelamento das pensões e reforma do mercado laborar), tendo a soberania de elaborar as suas próprias reformas que tenham um «resultado orçamental positivo».

«Não haverá quaisquer medidas de austeridade adicionais.»


O responsável fez questão de assinalar que é «soberania da Grécia pôr em ação as reformas necessárias» e que o seu «conteúdo é trabalho do Governo grego», ainda que em contacto com os parceiros europeus.

A lista de reformas a ser apresentada será discutida com os parceiros europeus e os credores, no âmbito do chamado Grupo de Bruxelas (o nome com que foi rebatizada a 'troika', termo que não agrada a Atenas), antes de serem submetidas ao Eurogrupo, acrescentou Tsipras.

O anterior Governo grego, liderado por Antonis Samaras, negociou, no fim do ano passado, mais medidas de austeridade com a 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) com o objetivo de aceder a ajuda financeira. Entretanto, depois de o Governo cair em janeiro o partido anti-austeridade Syriza, liderado por Tsipras, venceu as eleições.

Já sobre as dificuldades de tesouraria, o primeiro-ministro da Grécia assegurou que os cofres do país não sofrem de um problema de liquidez de curto prazo, que o Estado cumprirá as obrigações tanto com os seus cidadãos como com os credores e que «os depósitos nos bancos gregos estão a salvo».

A Grécia espera desbloquear, com as novas medidas, parte da última tranche financeira do programa de resgate (de 7,2 mil milhões de euros), assim como os 1900 milhões de euros que reclama de lucros que os bancos centrais da zona euro fizeram com dívida pública grega.

Tsipras garantiu ainda que não há qualquer confronto entre a Grécia e a Alemanha e reiterou a confiança no seu ministro da Finanças, Varoufakis.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro helénico desloca-se a Berlim para se reunir com Angela Merkel, um encontro no qual, segundo disse esta sexta-feira a chanceler alemã em conferência de imprensa, não espera que o Governo grego apresente a lista de reformas, uma vez que essas terão de ser enviados a todos os parceiros.

Merkel não comentou, no entanto, se discutirá com Tsipras eventuais reparações de guerra que a Grécia venha a exigir à Alemanha,

Sobre a ajuda financeira à Grécia, Merkel repetiu que o país só receberá os fundos quando os credores estiveram satisfeitos com os termos das medidas e a sua aplicação.

A chanceler alemã negou ainda que tenha considerado sequer a saída da Grécia da zona euro.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, por sua vez, escreveu um texto no seu blog onde pede uma visão conjunta de Atenas e Berlim no «redesenhar» de uma Europa de «prosperidade partilhada».

«Olhando para o futuro, e para além de tensões atuais, a nossa tarefa conjunta é redesenhar a Europa de modo a que os alemães e gregos, em conjunto com todos os europeus, possam reimaginar a nossa união monetária como um reino de prosperidade partilhada», vincou o ministro na sua página na Internet.


Varoufakis diz também que se deve acabar com o «jogo tóxico de culpas» que apenas beneficia «os inimigos da Europa», e advogou que é do «interesse comum» de Atenas e Berlim «crescer e reformar a Grécia rapidamente».
 
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