Passos acusa pilotos da TAP de “prejudicarem” a “recuperação” do país - TVI

Passos acusa pilotos da TAP de “prejudicarem” a “recuperação” do país

Oposição critica a greve dos pilotos, mas acusa o Governo de ser o principal responsável pelo “caos” na companhia aérea. A "fúria privatizadora" foi muito atacada durante o debate quinzenal

O primeiro-ministro considera que a greve dos pilotos da TAP está a pôr em causa a recuperação económica do país, ao afetar as receitas provenientes do turismo e do comércio.

Recordando as previsões da Comissão Europeia divulgadas ontem, Passos Coelho sublinhou que todas as instituições dizem que Portugal vai crescer este ano “pelo menos 1,6%”, mas até “é possível” que cresça mais.
 

“A greve da TAP prejudica este caminho de recuperação, já que tem uma repercussão negativa sobre o turismo e o comércio."


Além do “impacto conjuntural”, o primeiro-ministro revelou-se “preocupado” com o impacto da greve dos pilotos na “reputação da empresa” e o “impacto financeiro”, voltando a referir que, se a privatização não avançar, haverá um “despedimento coletivo” e uma “diminuição da operação” da companhia aérea, que se transformará numa "TAPzinha".
 

“Mais uma vez, vou apelar ao conjunto de pilotos da TAP para que se demarquem desta iniciativa do sindicato. Numa altura em que novas sombras se juntam para o futuro, mostrem como defender a empresa e a economia nacional."


Passos Coelho respondia a uma questão do líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, que saudou a maioria dos pilotos da TAP por não aderirem à paralisação.
 

“Esses pilotos não são fura-greves, são salva-empresas”.


Nuno Magalhães sublinhou a “irresponsabilidade” desta greve e criticou a posição do PS, por já ter “quase” privatizado a TAP e agora “mudar de opinião por pura conveniência política”. 

A política de “terra queimada”

Já na intervenção de Ferro Rodrigues, o Governo foi acusado de ser “o principal responsável” pela “vergonha” e pelo “caos” a que se assiste na TAP.
 

“O sindicato tem grande responsabilidade no caos neste momento, mas o Governo é o principal responsável, ao insistir na privatização nestes termos e neste momento.”


Para o líder parlamentar do PS, o problema é a “política de terra queimada” do Executivo de Passos Coelho, ao “insistir em privatizações potencialmente ilegais”, exemplificando com a Carris e o Metro. 

Governo podia ter levado recapitalização da TAP a Bruxelas

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, também acusou o Governo de ser o “responsável” pelo conflito na TAP ao insistir na privatização, ainda que reconheça o “juízo crítico sobre alguns dos objetivos desta greve”.

O deputado comunista questionou o primeiro-ministro sobre a razão para não ter contactado a União Europeia sobre a hipótese de recapitalização da companhia aérea, enumerando vários processos de recapitalização por toda a Europa.
 

“Se a UE nos impuser que não podemos recapitalizar, pergunto: se nos impuser atirarmo-nos da ponte sobre o Tejo abaixo, somos obrigado a fazê-lo?”


Jerónimo de Sousa lembrou que os “grandes grupos económicos afundaram empresas de bandeira na União Europeia” e, por isso, a “preocupação dos trabalhadores da TAP é legítima e fundada”, contra a “fúria privatizadora” deste Governo. 

Na resposta, Passos Coelho garantiu que, se pedisse à UE para recapitalizar a TAP, seria obrigado a apresentar um "plano de reestruturação", que reduziria a operação da companhia aérea. Jerónimo de Sousa insistiu então que seria possível recapitalizar numa "perspetiva de desenvolvimento da empresa".

Qual é a pressa?

O Bloco de Esquerda também se demarcou da greve dos pilotos da TAP, mas lamentou “a pressa” do Governo em avançar com as privatizações tão próximo das eleições.
 

“Aqui ninguém defende uma greve de quem quer comprar parte da TAP, porque queremos uma TAP pública. Mas qual é a pressa de vender o país todo em poucos meses de mandato?”


Na resposta, Passos Coelho lembrou que a privatização da TAP, tal como outros processos de concessão que estão a avançar, já estavam inscritos no seu programa eleitoral.
 

“O Governo só tem pressa de concluir aquilo que disse que faria, em condições de normalidade. Não foi uma febre que nos deu agora, é coerência.”

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