Portugal em recessão técnica com PIB a contrair 0,7% - TVI

Portugal em recessão técnica com PIB a contrair 0,7%

Arrefecimento da economia supera estimativas dos analistas. «Portugueses vão ter de mudar de vida»

Portugal entrou mesmo em recessão técnica. Depois de uma quebra de 0,3% nos últimos três meses de 2010, também entre Janeiro e Março deste ano se registou uma contracção do Produto Interno Bruto, mas desta vez ainda mais acentuada, de 0,7% tanto em termos homólogos como quando comparada com o trimestre anterior.

Minutos depois, foi a vez de a Comissão Europeia revelar números bem pessimistas para o desempenho da economia portuguesa: Bruxelas prevê uma contracção de 2,2% do PIB este ano e de 1,8% no próximo.

Note-se que a Comissão Europeia integra a troika que veio negociar a ajuda externa a Portugal, que há apenas uma semana antecipava uma recessão de 2%. Ora Bruxelas vem assim rever em alta as previsões que ela própria subscreveu no memorando de entendimento para o apoio financeiro.

Voltando às contas trimestrais, o recuo de 0,7% do PIB supera as estimativas dos analistas, que apontavam para uma perda de riqueza idêntica à dos últimos três meses do ano passado.

A redução do PIB face ao mesmo período de 2010 «traduziu um acentuado contributo negativo da Procura Interna, resultado da diminuição das Despesas de Consumo Final (das Famílias e das Administrações Públicas» e, em menor grau, do Investimento», adianta o INE, na sua estimativa rápida das contas nacionais trimestrais.

Motores da economia «griparam»

Este arrefecimento económico denota um claro agravamento da recessão em Portugal. «Há aqui três motores da economia que griparam: o consumo das famílias, o consumo do Estado (expectável com base nos vários pacotes de austeridade) e o investimento das empresas a colocarem um claro travão na economia», explicou o editor de economia da TVI, Vasco Rosendo, em declarações ao programa «Discurso Directo» no TVI24.

O quadro é negro, «vamos ver provavelmente não só a o desemprego a aumentar [a Comissão Europeia antecipa uma taxa nos 12,3% este ano e nos 13% em 2012], como a pobreza e a desigualdade e a contestação social a chegar a um nível mais turbulento. Os próximos dois anos vão ser difíceis», admite Vasco Rosendo.

Consumimos muito mais do que podíamos

Fica o apelo: «É bom que os portugueses tenham noção que têm de corrigir o seu nível de vida, a forma como viveram nos últimos 15 ou 20 anos».

Para se ter uma ideia, «consumimos 110% daquilo que produzimos. Temos 10% a mais de consumo. Ninguém pode viver gastando mais do que aquilo que ganha».
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