Banco de Portugal aponta para atos de gestão graves da equipa de Salgado - TVI

Banco de Portugal aponta para atos de gestão graves da equipa de Salgado

BdP garante que há investidores privados interessados em reforçar capital do BES

Banco apresenta prejuízos semestrais de quase 3,6 mil milhões

O Banco de Portugal disse, esta quarta-feira que factos recentemente descobertos no BES apontam para a «prática de atos de gestão gravemente prejudiciais» e admite consequências contraordenacionais e até criminais para a ex-equipa de gestão liderada por Ricardo Salgado.

Após serem conhecidos na noite de quarta-feira os prejuízos semestrais do BES de quase 3,6 mil milhões de euros, o Banco de Portugal emitiu um comunicado sobre a situação do banco, em que diz que as perdas resultantes da exposição ao Grupo Espírito Santo (GES) referentes a 30 de junho estão de acordo com a almofada que tinha determinado que fosse constituída, de 2 mil milhões de euros.

No entanto, refere o supervisor, «factos supervenientes, identificados pelo auditor externo apenas na segunda quinzena de julho e com um impacto negativo de cerca de 1,5 mil milhões de euros, vieram alterar substancialmente o valor das perdas a reconhecer na conta de resultados do primeiro semestre, pondo em causa o cumprimento dos rácios mínimos de solvabilidade vigentes».

Nas contas divulgadas, o BES apresentou um rácio common tier 1 de 5% a 30 de junho, abaixo do mínimo exigido pelo Banco de Portugal de 7%. Os rácios de capital servem para atestar a solvabilidade de uma instituição financeira.

Segundo regulador e supervisor bancário, os factos entretanto descobertos «indiciam a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais para os interesses do BES e um claro incumprimento das determinações emitidas pelo Banco de Portugal».

A entidade liderada por Carlos Costa refere, assim, que a auditoria forense que já está em curso vai permitir «avaliar responsabilidades individuais».

E aponta diretamente para eventuais responsabilidades do «anterior presidente da Comissão Executiva», Ricardo Salgado, do «anterior administrador com o pelouro financeiro», Morais Pires, e de «outros membros da Comissão Executiva que entretanto renunciaram aos cargos exercidos».

Caso se confirme que foram praticados ilícitos, «serão extraídas as necessárias consequências em matéria contraordenacional e, porventura, criminal», garante o Banco de Portugal.
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