Primeira missão de Hollande: conquistar Berlim - TVI

Primeira missão de Hollande: conquistar Berlim

Presidente francês voa de imediato ao encontro de Angela Merkel depois de tomar posse no Eliseu

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François Hollande começou o dia em Paris e termina-o em Berlim. Depois de receber a «pasta» pela mão de Nicolas Sarkozy, almoçar no Eliseu e acenar aos franceses a bordo de um Citroen DS5 Híbrido pelos Champs-Elysees, o novo presidente da França rumará à capital alemã para a sua primeira missão: reunir-se com Angela Merkel.

Hollande deverá ficar até 17 de maio em Berlim onde se espera que discuta com a chanceler o futuro da Europa além do binómio austeridade/crescimento.

«A França e a Alemanha estão condenadas a trabalhar em conjunto. Umas vezes de forma mais tensa, outras nem tanto. O momento agora é de negociação e as duas partes têm de encontrar um modus vivendi», defendeu à Agência Financeira Bernardo Pires de Lima, investigador em relações internacionais.

Mas será isso possível com a dureza das convicções de parte a parte?

«Em relação a François Hollande, julgo que a dureza ficou na campanha. A narrativa sobre a Alemanha tem vindo a ser suavizada e Hollande terá de convencer Merkel que vai aplicar medidas duras em França. Ao mesmo tempo, as intransigências de Berlim devem ser aligeiradas», sintetizou Pires de Lima, acrescentando que «será preciso encontrar o equilíbrio».

Onde Merkel terá de ceder

Criação de euro-obrigações, papel do Banco Central Europeu, extensão dos prazos para as medidas de austeridade, reforço do Banco Europeu de Investimento e aumento dos fundos estruturais para infra-estrututuras. Estas são algumas das medidas-bandeira da campanha eleitoral do socialista francês e que Merkel será agora obrigada a reconsiderar.

«Os planos impostos à Grécia, por exemplo, não produziram efeitos no défice e na dívida, mas contraíram o PIB em 20%. Isso é matar o doente com a cura. A economia de Merkel também não é um modelo a seguir. Por isso, é preciso ter argumentos válidos internamente» para exigir depois aos outros países, explicou Pires de Lima.

A verdade é que a chanceler perdeu o seu «melhor amigo» nas negociações na Europa. Algo que pode não ser, obrigatoriamente, mau. «Não sei se as alianças com Sarkozy eram a melhor receita para o sucesso de Berlim. O seguidismo traz uma responsabilidade maior, porque tudo era considerado culpa da Alemanha. Dividir responsabilidades é bom para Berlim», considera o investigador.

Por outro lado, a «França não está imune às agências de rating e aos pares europeus» e a dureza de Hollande, o candidato pode agora ser esvaziada com Hollande, o presidente.

Mas a agenda do novo líder da França só agora começa. O mês promete ser longo. Na sexta-feira, François Hollande voa para os Estados Unidos onde será recebido por Barack Obama, na Casa Branca, antes do arranque da cimeira do G8, que decorre a 18 e 19 de maio, em Camp David.

No dia 20 segue para Chicago onde deverá anunciar a retirada das tropas francesas do Afeganistão até ao final do ano, na Cimeira da NATO.

Quase um mês depois, Hollande fará parte da Cimeira do G20 no México e depois nas reuniões sobre desenvolvimento sustentável no Brasil. No final de junho, será o primeiro Conselho Europeu do novo chefe de Estado dos franceses.
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