O leilão da dívida portuguesa a juros mais baixos e com uma procura elevada são boas notícias, mas taxas a rondar os 7 por cento são incomportáveis no futuro. A opinião é de vários analistas financeiros, reagindo à emissão de dívida que ocorreu esta manhã de quarta-feira.
«Destaco três pontos positivos: o primeiro prende-se com o facto de Portugal ter emitido dívida e ter conseguido colocar quase a totalidade dos montantes pretendidos, a procura elevada acima da das últimas emissões e o facto de a taxa a 10 anos ter sido mais baixa do que a taxa da última emissão», disse Filipe Silva à Lusa, gestor do mercado de dívida do Banco Carregosa.
Sinal positivo é também, segundo Filipe Silva, o facto de o Estado português ter conseguido uma taxa «ligeiramente abaixo» da registada em Novembro de 2010, de 6,8%.
No entanto, o especialista apontou um aspecto negativo: «na taxa a quatro anos, face à última emissão comparável que tinha sido de 4,01%. Hoje, para o mesmo prazo, a taxa subiu para os 5,396%».
Em suma, ¿Portugal consegue financiar-se, porém, a custos muito elevados, incomportáveis para as expectativas de crescimento da economia, nomeadamente as anunciadas terça-feira pelo Banco de Portugal. A longo prazo, a situação não é sustentável e vai requerer uma solução nacional ou externa», rematou Filipe Silva.
Já Cristina Casalinho, analista do BPI, preferiu assinalar as «boas notícias desta semana»: «Por causa da execução orçamental, o Banco Central Europeu está a comprar dívida portuguesa de uma forma significativa, o que permite que as taxas se comportem mais favoravelmente no mercado secundário desde sexta-feira».
Contrariamente ao que parecia ser na semana passada, «esta é uma situação bastante favorável», disse a especialista, que considerou positivo o facto de o leilão desta manhã ter revelado que existe procura na aquisição de Obrigações do Tesouro nacionais.
O Tesouro português colocou esta quarta-feira Obrigações a dez anos com uma taxa de juro de 6,716%, inferior à da emissão anterior, que atingiu os 6,806%. A procura foi 3,2 vezes superior à da oferta.
Leilão foi um sucesso: procura aumentou e juros a 10 anos baixaram
Dívida pública: juros nos 7% são «incomportáveis» para Portugal
- Redação
- 12 jan 2011, 17:13
Analistas aplaudem sucesso do leilão realizado esta manhã, mas deixam alertas
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