Reservas de gás: REN e Galp preparam concurso internacional - TVI

Reservas de gás: REN e Galp preparam concurso internacional

Portugal pode vir a armazenar matéria-prima de outros países europeus, diz Rui Cartaxo em entrevista

A REN e a Galp estão a preparar em conjunto o lançamento de um concurso internacional para a construção, para já, de mais duas cavernas subterrâneas no Centro do país, revelou à Agência Financeira o presidente da gestora de redes de energia nacional, Rui Cartaxo. O objectivo é aumentar as reservas estratégicas de gás do país e, no futuro, estas cavernas permitirem armazenar a matéria-prima até de outros países da Europa.

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«As duas empresas combinaram recentemente fazer uma consulta conjunta ao mercado internacional para a construção de cavernas adicionais», disse Rui Cartaxo, em entrevista à AF. O concurso internacional para a construção, para já, de duas reservas está a ser preparado em conjunto pela REN e pela Galp e vai representar um investimento de «dezenas de milhões de euros». «O concurso vai acontecer ainda este ano e depois a construção será feita mais à frente».

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No longo prazo, as empresas pensam construir outras duas cavernas, dada a «elevada capacidade de desenvolvimento de armazenagem de gás no Pombal».

Actualmente, o país é dotado de quatro cavernas - uma da Galp e as restantes da REN -, todas elas no Carriço, no concelho do Pombal, que chegam para garantir que o país tem gás em alturas de maior procura. «No inverno extrai-se e no Verão injecta-se gás nas cavernas. As cavernas permitem também ter gás, durante uns meses, numa altura de ruptura de algumas das fontes e, no futuro, vamos poder ter fornecimento ininterrupto, mesmo em casos de emergência», explicou o presidente da REN.

Mais. Com a construção prevista das novas cavernas, o país vai ainda ter reservas estratégicas para outros mercados que não só o português. É que Portugal tem uma geologia muito favorável à armazenagem de gás, rara nos países europeus. Dispomos de rocha salina - que permite manter o gás à temperatura ideal de armazenagem - a grandes profundidades no centro do país. «A armazenagem subterrânea é um recurso que se vai desenvolver nos próximos 20 anos. A partir daí, Portugal vai poder ter um nível de reservas adequado ao consumo português e ibérico, mas também capacidade excedentária para ter reservas de outros países na UE. Obviamente, são serviços pagos e será uma receita de exportação para o país», referiu Rui Cartaxo à AF.

Outro projecto, mas de âmbito internacional, é a entrada no mercado moçambicano, participando no desenvolvimento das infra-estruturas eléctricas do país, de forma a abastecer todo o mercado da África Austral, a começar pela África do Sul. A REN quer ter uma participação na Rede Eléctrica de Moçambique, para a qual está «em conversações com várias entidades locais», nomeadamente o governo, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa e outras empresas privadas do país. «É um processo que começou há pouco tempo, estamos há algumas semanas a analisar estes dossiers e, a seguir ao Verão, teremos decisões».

Mas não fica por Moçambique. «A REN está, neste momento, a analisar todas as oportunidades de crescimento fora das suas concessões tradicionais porque tem um conjunto de competências de know-how que podem ser exportadas. O facto de estarmos a analisar projectos em Moçambique e, no futuro, noutros mercados emergentes pode ser uma forma de, não só fazer a empresa crescer no longo prazo, como levar várias empresas portuguesas a internacionalizar-se», rematou.

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