Risco de Espanha já supera o de Itália - TVI

Risco de Espanha já supera o de Itália

Bolsa

Tensão crescente paira sobre o país vizinho, depois de emissão de dívida com juros nunca antes vistos

Relacionados
Notícia actualizada às 10h40 com reacção do governo espanhol

Os mercados estão ao rubro, pelas piores razões. O risco da dívida espanhola, medido pelo diferencial face aos títulos alemães a 10 anos, ultrapassou esta sexta-feira o da dívida italiana, marcando um novo máximo histórico de 525 pontos base.

Com o rendimento dos títulos espanhóis a 10 anos a atingir os 6,887%, os analistas destacam o facto dos mercados terem descontado a diferença que existia face aos títulos italianos, chegando a ultrapassá-los.

Duas horas depois da abertura dos mercados secundários da dívida, o risco de Espanha tinha subido 20 pontos, para 525, ultrapassando os 503 pontos base que registava a dívida italiana.

Já na quinta-feira, o risco espanhol ultrapassou os 500 pontos base, embora à hora do fecho se tenha ficado pelos 460 pontos, graças à intervanção do BCE na compra de dívida.

A tensão evidenciou-se no leilão de ontem, em que o Tesouro espanhol colocou títulos a 10 anos ao valor mais elevado de sempre. A taxa de juro passou os 7%.

Ainda ontem o Citigroup avisou que Espanha e Itália estão «a dias do incumprimento».

Governo espanhol reage

O aumento do risco da dívida espanhola para estes níveis nunca antes vistos deve-se, segundo o governo espanhol, a questões «técnicas artificiais» e não a razões de mercado.

Fontes do ministério espanhol da Economia explicaram, segundo a Lusa, que o aumento do risco de dívida se deve ao impacto na forma de contabilizar o risco do leilão realizado na quinta-feira pelo Tesouro.

Assim, foi incorporado nos cálculos de comparação do diferencial dos títulos a 10 anos os títulos leiloados na quinta-feira e que se vencem três meses mais tarde que os anteriores.

Assim, o novo título de referência a 10 anos passa a ter como data de vencimento Janeiro de 2022 em vez de Outubro de 2021.

Com a mudança da referência, explicam as fontes, há sempre um processo de equilíbrio que aumenta o risco. «É algo que ocorre sempre, simplesmente porque uma vida mais longa dos títulos aumenta o diferencial. Estamos perante uma questão técnica artificial e não movimentos de mercado».

Rajoy pede margem aos mercados

O candidato do Partido Popular (PP) à presidência do Governo espanhol, Mariano Rajoy, apelou já aos mercados para que concedam uma margem «de mais de meia hora» ao novo Governo que saia das eleições de domingo em Espanha.

O aumento do risco da dívida é «enormemente negativo» para os interesses espanhóis. Mas Rajoy está confiante que o Governo conseguirá fazer «todos os esforços necessários» para que o país supere a situação.

«Espero que isto pare, [que os mercados] se dêem conta de que há eleições e que quem as vencer terá que ter uma margem mínima, que deve ser de mais de meia hora».

Mostrando-se confiante que a economia espanhola não terá que ser resgatada, Rajoy disse que Espanha é um país «sério e fiável» que sempre pagou a sua dívida, o que continuará a fazer no futuro.
Continue a ler esta notícia

Relacionados